Repare-se no estilo literário da "nota". Repare-se na fineza da linguagem, no rigor das ideias, na clareza da exposição!
Repare-se na subtileza da expressão "concurso armadilhado"! Atente-se na ideia de "perigo de explosão" que a expressão transmite; realce-se a nota, cheia de força, do "perigo eminete" que todos e cada um de nós corremos, agravado no que toca a quem imediar aquele concurso!
Repare-se, por seu lado, na crueza da imagem sobre a "coacção" exercida pelo anterior governo sobre a Metro Mondego, o qual, fria e sanguinariamente, a "obrigou" a assinar protocolos com as câmaras municipais (não obstante as suas súplicas virginais).
Note-se o requebro da prosa, ao descrever a fria forma cavilosa (ffc) como o anterior governo, ao mesmo tempo que "obrigava " a Metro Mondego a assinar protocolos, preconizava soluções que não "davam satisfação" às camaras municipais da Lousã e de Miranda do Corvo.
Aprecie-se o estilo do reparo de que, não obstante todas estas artes sordidamente maquiavélicas, o anterior governo não pretendia "levar para a frente" o concurso.
A finura desta prosa vem-nos revelar, finalmente, que agora foi encontrado o caminho do "bem" e da redenção e que daqui para a frente nunca mais ninguém vai ser obrigado a nada, e que o bem vai, de uma vez por todas, vencer o "mal".
Por isso o governo (bom) vai, dentro de três meses, dizer à Metro Mondego qual o caminho do "bem", ou seja, a solução que ele quer ver adoptada - adivinhando-se desde já que tudo o que vier a ser decidido não deixará de ter em atenção a vontade da câmara municipal da Lousã, que por um mero acaso (veja-se nisto apenas um mero acaso e não qualquer outra razão) - é do PS, e exactamente o contrário do que pretenda a câmara municipal de Coimbra, que por um mero acaso (veja-se nisto apenas um mero acaso e não qualquer outra razão) é do PSD.
No meio de tudo isto continua-se a gastar dinheiro em estudos e projectos e do "metro", nem um "milímetro"!
É preciso dar conta que
a exploração de um metro ligeiro de superfície pelo ramal da Lousã foi atribuída em 1994 a uma sociedade anónima, de capitais exclusivamente públicos, detidos pelas Câmaras dos municípios de Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã,
a sociedade SA só foi criada em 1996,
o estado entrou para a SA em 2001,
durante todo este tempo o Metro nunca passou dum "micron",
a câmara de Coimbra foi PS de1989 a 2001,
desde a criação da sociedade e até 2002 o PS esteve no poder (o que é relevante, como se tem visto em casos paralelos, para efeitos de composição do respectivo conselho de administração),
o governo do PSD/CDS só assumiu funções em 2002, e desde o momento em que foi possível a alteração do CA da MM, o projecto avançou decisivamente,
o projecto parou agora porque a câmara da Lousã (que, por mera coincidência dos astros, é do PS) pretende, contra a opinião dos estudos técnicos e de viabilidade económica, que a linha do metro seja estendida até Serpins, uma metrópole de 1712 habitantes dos quais 1412 eleitores, que deram 66% de votos ao PS e 30% ao PSD para a assembleia de freguesia, o que garantiu ao PS a respectiva junta de feguesia,
que o governo actualmente montado no cavalo do poder é do PS,
que o MOPTC está firmemente determinado em encontrar um sistema de transportes que satisfaça as necessidades de mobilidade das populações na área de influência do actual ramal da Lousã nas suas ligações à cidade de Coimbra
que, por isso quer que a cidade de Coimbra (mais o seu presidente da camara e o CA do MM) vá às urtigas!
viva a Lousan e o Licor Beirão!
A propósito de toda esta questão, aproveita-se o ensejo para relembrar o governo PS e o senhor ministro do concurso "armadilhado", que o Presidente e os Vogais executivos do Conselho da Administração da MM vêm do tempo do anterior governo, que ademais os "obrigou" a assinar protocolos, e que, por isso, os coitadinhos, devem estar "mortinhos" por ser libertados de tão doloroso opróbrio, e que nas hostes do PS de Coimbra, há gente muito boa, cheia de virtudes e de temor a Deus (esta aqui é apenas figura de estilo, não é para ser levada à conta da sua literalidade!), cujo maior desejo é ser "supliciada" com uma designação em tais lugarzitos, o que, desde logo, facilita o caminho do "bem", da implementação da solução que vier a ser democrticamente decidida pelo senhor ministro, e da redenção de Serpins!.