Luis Filipe Meneses sustentou, depois de ouvir os sindicatos, que "
a avaliação dos professores deve estar fora da tutela governativa".
Em primeiro lugar, não se percebe bem (ou percebe-se bem demais) esta "colagem" de Meneses aos sindicatos. Não tarda, com a experiência de "aproveitamento" e de "força" que estes têm, Meneses está refém deles sem se dar conta. Sindicalistas nunca foram boa companhia para ninguém.
Tirando isto - ou precisamente por causa disso, ou seja, em consequência dessa "captura" (como agora se usa dizer ...) - Meneses veio defender que a avaliação dos professores "deve ficar fora da tutela governativa".
Convém aqui lembrar que os professores são funcionários do Estado, e tão "funcionários públicos" como os demais. Ora se todos os funcionários são avaliados num sistema de avaliação "administrativo", porque razão é que os professores haveriam de ficar fora dessa lógica?
Coisa diferente é saber se, neste momento, se encontram reunidas as "condições mínimas" para se realizar a avaliação - sendo certo que esperar pelo momento em que se hão-de encontrar reunidas as "condições ideais" ou "todas as condições" é o mesmo que dizer que nunca vai haver avaliação - que é isso que os sindicatos querem. Ou melhor: até nem querem. O que eles querem é que haja avaliação - mas a "sua" avaliação, feita pelo "seu" método de avalição.
Por outro lado, sendo os professores pagos pelo Estado, porque razão não há-de ser o Estado, seu patrão, a ter o controlo da avaliação? Como é que seria essa avaliação "fora da tutela governativa"? Feita por quem e com que métodos? Que valor lhe seria reconhecido? Serviria para quê? Seria uma classificação do funcionário "imposta" ao Estado-patrão?
Mas alguém pensa que um qualquer empresário de sucesso deixaria que a avaliação dos seus funcionários fosse um processo ao qual ele fosse totalmente estranho, mas cujos resultados se lhe impusessem e ele tivesse que os aceitar?
Os profesores - ou melhor, todos os funcionários públicos - têm sido maltratados por este governo, o qual parace que, para ganhar ânimo antes de iniciar qualquer politica de reforma da administração, carece previamente de insultar ou denegrir os seus trabalhadores. Mas também é certo que, de há muito, os professores tudo têm feito para se colocarem em situação de privilegiada excepção. E certo é também que havendo caso de docentes que são um exemplo de dedicação ao ensino, referência de qualidade e exigência para gerações de jovens, casos há também de professores que "passam" pela carreira como uma "ligeira brisa da tarde" - quase nem se notam por ausência ou por falta de qualidade.
Um ensino que qualidade só é possível com mestres de qualidade. E com estudantes de qualidade. Ora esta qualidade começa-se a ganhar, desde logo, na (velha) escola primária. É aí que deve começar a qualidade e a exigência. Quer quanto aos professores quer quanto aos alunos.
Depois o (velho) liceu há-de servir para um ensino e preparação gerais suficentemente aprofundados que permitam no final deste ciclo de ensino, deter uma conjunto de conhecimentos e cultura relevantes e adequados quer para entrar no mercado de trabalho quer para aceder à universidade.
É que esta mania que toda a gente tem que tirar um curso universitário qualquer que seja tem como imediata consequência o desemprego de licenciados (ou dos advenientes "mestres" e "doutores" "bolonheses" que andam para aí a "germinar" ...) que agora se verifica. E é um lôgro para aqueles a quem foi dito que tirar um (qualquer) curso de "dótôr" era "emprego garantido".
A qualidade do sistema de ensino resulta da qualidade dos seus intervenientes. E se nos poucos (velhos) exames, grande parte dos alunos prova que não sabe, isso é o espelho de que no ensino há graves deficiências.
E porque "o sistema" tem sido desculpa para tudo, é tempo de avaliar todos quantos intervêm nesse processo de ensino. Com regras justas e equitativas, evidentemente. E com processos transparentes, como não pode deixar de ser. Mas só assim se poderá separar o "trigo do joio". Com o que, decerto, todos beneficiarão.
Sem ter que com isso calar os excessos do governo na matéria e as questões que são criticáveis no sistema, não ficaria mal a Menenes não dar tempo de antena a sindicatos. Eles nunca o agradecerão. E se um dia Meneses chegar a primeiro ministro, eles não serão por isso mais brandos consigo - e não deixarão de atacá-lo.
Entre uma oposição fundada e consistente às medidas excessivas do governo ou a solução fácil do descontentamento sindical, parece que Menese preferiu aproveitar o descontentamento ...