Vanitas
A apresentação da candidatura da Bárbara Guimarães a primeira dama do Município de Lisboa, acompanhada de seu filho Diniz, futuro “princeps municipalis”, decorreu com o maior glamour.
Na ocasião o primeiro ministro manifestou o seu apoio à candidatura do pai do pequeno Diniz e marido de Bárbara Guimarães a presidente da Câmara Municipal de Lisboa (o que, verdadeiramente, é o que menos interessa).
Na cerimónia perpassou um discurso intelectual “quantum satis”, pleno de cultura, de superioridade, de futuro risonho, de superior displicência, de cor-de-rosa, de “Caras”, de acidez (e também de um pouco de flatulência), de moda, de “tudo-de-bom”, de vaidade, de “nada-de-mau”, de “sociedade”, de “anti-lopismo”, de “contra-carmonismo”, tudo, tudo, tudo, muito bom, tudo, tudo, tudo, muito bem.
Diniz teve que sofrer os primeiros “tratos de popularidade” para manifestar assertivamente a sua vontade em ver o papá sentado onde hoje se senta o dr. Santana, desejo esse que partilha com a mamã. Ou melhor: o desejo é da mamã! Para ele, tudo isso é absolutamente indiferente!
A respeito desta cerimónia, comentou Augusto Gil (em 1909):
Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...
(Luar de Janeiro)