Apesar de anunciada a sua construção em 1873, apenas em 1906 o combóio chegou a Serpins, servindo várias localidades como Miranda do Corvo e Lousã, nome este pelo qual ficou conhecido o designado "ramal da Lousã". Desde 16 de Dezembro de 1906 que diariamente circulam por lá comboios e, mais recentemente, automotoras, servindo uma vasta população que o utiliza para se ligar a Coimbra.
Entretanto surgiu em Coimbra o projecto do Metro Mondego, destinado a instalar um metro de superfície, no qual se integraria a linha da Lousã. O projecto foi-se arrastando no tempo, na proporção directa da (perda de) influência de Coimbra junto do poder central, até que chegou ao poder o PS.
É preciso lembrar que o PS, ou melhor o primeiro ministro, tem uma zanga antiga com Coimbra, por causa da co-incineração em Souselas (e porque a Câmara é PSD...), que ele não cuida de disfarçar - antes tudo tem feito para remeter Coimbra para posições secundárias em todas as matérias essenciais, não compatíveis com a dimensão e influência da cidade.
Neste quadro, o Metro Mondego foi um joguete nas mãos dos políticos. E assim, aquilo que seria um projecto essencialmente urbano de transporte público por metro de superfície (eléctrico rápido), passou a ser fundamentalmente um projecto de ligação suburbana, por comboio eléctrico (tram-train), que na primeira fase pára às portas de Coimbra. Vai daí, o governo PS decidiu que havia que começar precisamente pela vertente suburbana - nem mais nem menos que a linha da Lousã (vão lá agora as más línguas dizer que foi por causa da câmara da Lousã ser do PS...). Isto sem sequer se analisar a sustentabilidade económica da exploração deste novo modelo. Ou seja, metro em Coimbra ("dentro" de Coimbra), fica "para depois", ou seja "para as calendas gregas".
Tomada a decisão, "mãos à obra": toca de "arrancar" os carris da linha da Lousã (de bitola ibérica), para começar a adaptação à nova utilização. Porém o dinheiro escasseia e agora o que é mais certo é que os utentes do velho combóio da Lousã fiquem sem combóio, sem metro, e sem nada...
Perante a indignação de todos aqueles que se sentem prejudicados pela forma o líder parlamentar do PS
vem criticar os ditos "partidos da direita" por terem criticado a suspensão das obras (que se não ocorreu já, deve estar para próximo) afirmando que estes partidos criticam a realização de obras públicas mas agora querem que se faça o metro...
Para além da patetice do argumento, sempre seria bom lembrar ao senhor doutor Assis que uma coisa é realizar obras faraónicas e completamente loucas como o TGV, um novo aeroporto megalómano, auto-estradas "sem tom nem som" e outra é acabar uma obra que, se deixada a meio, retira a um vasto numero de pessoas um transporte público que foi suprimido exactamente para fazer essa obra, coma promessa de que o novo transporte seria mais cómodo e mais rápido. Ora, as obras de substituição de um tipo de transporte por outro em 36,9 km não não é exactamente a mesma coisa que fazer centenas de km de (nova) via férrea específica para TGV, como pontes sobre o Tejo à mistura...
O que o senhor deputado faz, não sem evidentes intuitos demagógicos, é confundir a beira da estrada com a estrada da Beira...
E isso é só falta de vergonha ou também é falta de pudor...???