A associação do ps à
aprovação parlamentar, com os votos favoráveis do BE, PS, PCP e PEV, do diploma do Bloco que prevê fim do sigilo bancário e a "corrida" do governo, para não ficar atrás,
a aprovar, também ele, uma proposta para alterar regras de derrogação do sigilo bancário podem ser lidas de duas formas: ou mais um exercício de "encher chouriços" ou a mais requintadas das hipocrisias.
Na verdade o ps não queria nada disto.
Mas isto convém-lhe, neste momento, por várias razões:
primeiro, distriai o "pagode" dos reais problemas do país e da "bandalheira" e que ele está transformado;
depois, ao dar a impressão que o ps também esta interessado em dar resposta a um outro problema - o da corrupção dos políticos e o do enriquecimento ilícito - "desvia as atenções" do público (dando assim mais uma "folga" a alguns políticos que têm andado, nos últimos tempos, com as "barbas de molho");
por fim, evita que o ps divirja, mais uma vez, numa matéria que anda na "ordem do dia" e que é geralmente considerada como de grande importância - dando a impressão que quer tudo menos combater o enriquecimento ilícito, como se por lá houvesse "culpas no cartório" ...
Certo é, porém, que com esta medida não se combate o enriquecimento ilícito nem a corrupção dos políticos e dos que andam à sua volta.
Com esta lei, a ser aprovada, apenas se vai permitir o "voyerismo" dos esbirros das finanças, que se vão deliciar a vasculhar as contas bancárias do vizinho de que não gostam - descobrindo-lhes os pagamentos (ou seja, os segredos) mais íntimos, só para o "quilhar" - ou daquele empresário que não os contratou, ou os despediu, como seus "contabilistas"; e vai permitir ao Estado, numa época em que todos os "tostões" contam, esportular arbitrariamente mais alguns "cobres" ao cidadão que tenha contas nos bancos nacionais - que os políticos corruptos, que os há e continuará a haver, cumprindo (mais ou menos) escrupulosamente as ditas "declarações de rendimentos", continuarão ou passarão a receber os seus "prémios" em "notas" ou em trasferências internacionais de contas anónimas em "offshore" para outras contas anónimas em "offshore" ...
Ou seja: quem, mais uma vez, vai ser "varejado" é o cidadão honesto e pagador.
Os outros, os verdadeiros pervaricadores, vão continuar alegremente e cada vez mais, "fora do sistema".
Isto é ou não uma ignomínia e um abuso ...???