Prestes a acabar o berreiro da "campanha", terminadas as "tiradas" alarves e os argumentos cavilares, findas as campanhas "subliminares" em programas televisivos e artigos de jornais, finalmente aproxima-se um silêncio inteligente.
Algumas notas:
1. O primeiro ministro usou nesta campanha a táctica que já havia usado na campanha para a eleição do Presidente da República: manifesta-se a favor de uma posição, apoia-a o menos possível mas assegurando os mínimos da decência, arranja motivos plausíveis para que a sua participação na campanha da sua "côr" não seja lida como uma "não participação" e, no dia da votação, espera tranquilamente o resultado, para no dia seguinte se adaptar à situação que dela resultar.
Ou seja, tal como hoje convive harmoniosamente com Cavaco, do mesmo modo conviverá, pós referendo, com outra posição que não a sua, desde que isso lhe seja benéfico ou não prejudique a sua estratégia de poder. Senão veremos ...
2. Não existe ainda algum outro meio de "fazer" homens e mulheres que não seja através da gravidez da mulher. Para já e enquanto a clonagem se detém em ovelhas e quejandos, todo o ser humano vivo provirá inexoravelmente de uma gravidez. E uma gravidez, se não houver "acidentes de percurso", dará origem a um ser vivo.
De acordo com a natureza, a gravidez é a únca fonte de vida humana. Dissertar sobre o que ocorre na gravidez para se saber se é ou não é aquilo em que necessariamente há-de resultar - vida - é uma total estultícia.
O único caminho - o caminho da natureza - de uma normal gravidez leva-nos sempre à vida (salvo imponderáveis da natureza, que também os há, mas que não alteram esta lógica de coisas). Ou seja a gravidez não gera, ou não tem aptidão intrinseca, para gerar outra coisa que não uma vida. Ou ainda, da gravidez não pode resultar - de acordo com o normal decurso da leis da natureza - outra coisa que não seja a vida.
Por vezes as coisas podem não "funcionar" bem. Mas isso é um percalço e não uma regra.
Mas interromper este processo é assim interromper um processo de vida, quer se queira quer não.
3. A respeito do aborto a esquerda arroga-se o direito de deter a verdade e defender a liberdade.
Verdade e liberdade apenas suas, mas que não se dispensa de as querer impor aos outros ... de modo a negar-lhes o direito terem também (um)a sua verdade e (um)a sua liberdade ou então pretendendo conceder-lhas graciosa mas funcionalizadamente.
Mas porque a verdade dos homens (ainda) não é só uma, a liberdade (ainda) não é apropriável, (ainda) não foi descoberto processo alternativa à gravidez para a "produção" de vida, e porque o berreiro alvar não é argumentação para decisões sobre matérias fundamentais da sociedade, que devem ser profundamente reflectidas e ponderadas, vale a pena votar NÃO no referendo ao aborto ...