E depois não se diga que as estatísticas "são o que são" ...
Porque, perante a cortina de ignorância e deturpação que insistente e persistentemente é espalhada, tentando encobrir a realiade dos factos e da história para criar estórias e mitos mais "convenientes", "plagia-se", com a devida vénia, o elucidativo texto de Pedro Arroja, no Blasfémias:
Num post anterior, sob o título "a grande distância dos outros", argumentei que dividindo a história de Portugal do último século em três períodos - a Primeira República (1910-26), o Estado Novo (1926-74) e o regime democrático saído do 25 de Abril (1974 em diante) - do ponto de vista económico, o período mais próspero, a grande distância dos outros, foi o do Estado Novo.
Freud costumava dizer que a maior paixão da humanidade é a de iludir a realidade e as reacções que o post gerou neste e noutros blogues comprovam isso mesmo: "podia lá ser, mas então não é verdade aquilo que toda a gente sabe, que o regime de Salazar só serviu para empobrecer o país?".
Porque, na altura, só citei dados económicos parciais, volto agora ao tema. Num estudo de 2003 (citado em anexo), Pedro Lains do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa analisa a evolução do rendimento per capita em Portugal desde 1910 até 1998, em comparação com a média de nove países europeus (ver Graph 2 - Portuguese income per capita as per cent of Average 9, 1910-98, situado quase no fim do texto, e que passo a seguir de perto). Os nove países europeus considerados são: Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Holanda, Noruega, Suíça e Reino Unido.
Em 1910 o rendimento médio por pessoa em Portugal era apenas 37% da média europeia (definida pelos nove países acima). Em 1926 tinha caído para 35%, significando que os portugueses tinham agora um nível de vida que pouco excedia a terça parte dos seus congéneres europeus. A Primeira República degradou as condições de vida dos portugueses relativamente à Europa.
Foi então que o Estado Novo se implantou no país. E quando o Estado Novo caíu, os últimos dados pelos quais ele foi responsável - os de 1973 - indicam que o nível médio de vida em Portugal tinha subido para 60% da média europeia - um progresso extraordinário.
Desde 1974 e somente a partir de meados da década de 80, com a adesão do país à União Europeia e as ajudas comunitárias, este indicador voltou de novo a atingir o valor de 60%. E até 1998 subiu para 65%. (É neste ponto que termina o gráfico de Pedro Lains). Porém, desde então, com a economia portuguesa a crescer, em média, menos que a média europeia, a minha própria estimativa é a de que actualmente (2007) este indicador voltou a caír para a vizinhança de 60% - isto é, exactamente onde o Estado Novo o deixou.
Não é de mais insistir, o Estado Novo correspondeu a um grande período de progresso económico, sobretudo a partir do início da década de 50. E a geração que agora tem 35 anos ou menos e que nunca conheceu o Estado Novo, faria melhor em estudar a realidade do que deixar-se embevecer com a propaganda que, literalmente, lhe meteram na cabeça.
Anexo: http://www.ics.ul.pt/publicacoes/workingpapers/wp2003/WP1-2003.pdf
Num post anterior, sob o título "a grande distância dos outros", argumentei que dividindo a história de Portugal do último século em três períodos - a Primeira República (1910-26), o Estado Novo (1926-74) e o regime democrático saído do 25 de Abril (1974 em diante) - do ponto de vista económico, o período mais próspero, a grande distância dos outros, foi o do Estado Novo.
Freud costumava dizer que a maior paixão da humanidade é a de iludir a realidade e as reacções que o post gerou neste e noutros blogues comprovam isso mesmo: "podia lá ser, mas então não é verdade aquilo que toda a gente sabe, que o regime de Salazar só serviu para empobrecer o país?".
Porque, na altura, só citei dados económicos parciais, volto agora ao tema. Num estudo de 2003 (citado em anexo), Pedro Lains do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa analisa a evolução do rendimento per capita em Portugal desde 1910 até 1998, em comparação com a média de nove países europeus (ver Graph 2 - Portuguese income per capita as per cent of Average 9, 1910-98, situado quase no fim do texto, e que passo a seguir de perto). Os nove países europeus considerados são: Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Holanda, Noruega, Suíça e Reino Unido.
Em 1910 o rendimento médio por pessoa em Portugal era apenas 37% da média europeia (definida pelos nove países acima). Em 1926 tinha caído para 35%, significando que os portugueses tinham agora um nível de vida que pouco excedia a terça parte dos seus congéneres europeus. A Primeira República degradou as condições de vida dos portugueses relativamente à Europa.
Foi então que o Estado Novo se implantou no país. E quando o Estado Novo caíu, os últimos dados pelos quais ele foi responsável - os de 1973 - indicam que o nível médio de vida em Portugal tinha subido para 60% da média europeia - um progresso extraordinário.
Desde 1974 e somente a partir de meados da década de 80, com a adesão do país à União Europeia e as ajudas comunitárias, este indicador voltou de novo a atingir o valor de 60%. E até 1998 subiu para 65%. (É neste ponto que termina o gráfico de Pedro Lains). Porém, desde então, com a economia portuguesa a crescer, em média, menos que a média europeia, a minha própria estimativa é a de que actualmente (2007) este indicador voltou a caír para a vizinhança de 60% - isto é, exactamente onde o Estado Novo o deixou.
Não é de mais insistir, o Estado Novo correspondeu a um grande período de progresso económico, sobretudo a partir do início da década de 50. E a geração que agora tem 35 anos ou menos e que nunca conheceu o Estado Novo, faria melhor em estudar a realidade do que deixar-se embevecer com a propaganda que, literalmente, lhe meteram na cabeça.
Anexo: http://www.ics.ul.pt/publicacoes/workingpapers/wp2003/WP1-2003.pdf