Posto de observação
A resposta dos autarcas foi dura mas esclarecedora.
Ao ameaçarem cortar os financiamentos das despesas locais de educação, saúde e segurança, os municípios portugueses estão a revelar o que entendem por poder local. Não consideram que os seus serviços á comunidade nas áreas da educação, da saúde e da segurança sejam as suas mais estritas obrigações. Não! São favores prestados ao governo! Ou serviços pagos pelo governo! É a mais completa subversão das nobres ideias de poder comunitário e de representação das populações locais.
Este inqualificável gesto de chantagem é de tal modo grave que, a ser efectivo e a tornar-se realidade, merecia, pelo menos, uma cassação de mandato, uma comissão administrativa e a obrigação de realização imediata de novas eleições (o que, diga-se de passagem, com as nossas leis laxistas, deve ser impossível...).
De acordo com os costumes, como se vê nos chamados casos do futebol e de financiamentos ilegais, o mais provável é que tais autarcas fossem reconduzidos. Como dizia uma vez um presidente de câmara culpado de grosseira corrupção e de ilegalidade, tudo o que fazem é “para bem do povo e dos munícipes”!
António Barreto
ontem, no Público (sem link)