A habitual "pindureza" nacional...
Mesmo em tempos de fartura e de manjedoura cheia somos uma terra de pindéricos e invejosos.
Enquanto se debica na benesse estadual, não se deixa de olhar para o lado a ver o tamanho do banquete do parceiro; mas em tempo de fartura, preocupados em encher o bandulho e cegos pela abundância, não se dá grande importância ao manjar do vizinho, a menos que ele seja de "fazer crescer água na boca". Então, aí, refila-se, "rosna-se" e procura-se ou substituir o vizinho da manjedoura (e então o que era um mal passa a ser um bem...) ou, não sendo isso possível, tenta-se-lhe acabar de vez com a manjedoura (à luz do muito nacional e salutar princípio de que "se não é para mim, não há-de ser para mais ninguém").
Se isto já é assim em tempos de "vacas gordas" imagine-se só como não será em tempos de apertos e de "vacas escanzeladas".
Então as coisas agravam-se, e qualquer "prato de lentilhas" é razão para uma inveja retorcida e verde, para a qual todas as manobras são legítimas para fazer com que o prato e as lentilhas do vizinho caiam ao chão (novamente à luz do muito nacional e benemérito princípio de que "se não é para mim, também não há-de ser para mais ninguém").
Vem isto a propósito do facto de neste fim de semana, alguns jornais (ou seja, jornalistas), falhos de tema, terem resolvido investir contra os subsídios de residência de que podem auferir os membros do governo que tenham a sua residência longe de Lisboa.
Desde 1980 (Decreto Lei nº 72/80, de 15 de Abril) que é concedido aos membros do governo que não têm a sua residência permanente em Lisboa, um subsídio de residência por terem que permanecer permanentemente em Lisboa, por via das exigências do exercício dessas funções. Destina-se, pois, esse subsídio a compensar o facto de, não residindo habitualmente em Lisboa, o membro do governo ver-se na necessidade de aí ter que arranjar alojamento enquanto desempenha um cargo governamental. E esse alojamento pode ser uma casa, que ele, naturalmente manterá enquanto não regressar "à sua base".
Dar-lhe um subsídio nestas circunstâncias, será desproporcionado? Pelos visto, para alguns é.
Para eles o governante deveria ou rejeitar o lugar ou viver "debaixo de uma ponte". Ou então, muito simplesmente, só podem ser governantes os que já morem em Lisboa. Os outros, os que vêm da "parvónia", que aguentem com os custos da sua nova instalação - que ninguém os manda ser suficientemente parôlos para "meterem o bedelho" onde já há tanta gente com uma imensa vontade de meter.
Enfim, as pindurezas do costume: somos extremamente moralistas e poupados com o farelo, mas "esturraçamos" a farinha...
Miguel Macedo não esteve para aturar esta "tinha" nacional. Fez bem.
Vai-lhe sair do bolso. Mas fez bem.
Há coisas que nenhum dinheiro paga - como não ter que aturar a inveja rasteira, disfarçada de moralismo, daquela pindureza nacional que a manjedoura farta sacia e cala mas que qualquer agrura revela no seu total esplendor...
Enfim, passam-se os séculos mas continua a "piolheira"...
Enquanto se debica na benesse estadual, não se deixa de olhar para o lado a ver o tamanho do banquete do parceiro; mas em tempo de fartura, preocupados em encher o bandulho e cegos pela abundância, não se dá grande importância ao manjar do vizinho, a menos que ele seja de "fazer crescer água na boca". Então, aí, refila-se, "rosna-se" e procura-se ou substituir o vizinho da manjedoura (e então o que era um mal passa a ser um bem...) ou, não sendo isso possível, tenta-se-lhe acabar de vez com a manjedoura (à luz do muito nacional e salutar princípio de que "se não é para mim, não há-de ser para mais ninguém").
Se isto já é assim em tempos de "vacas gordas" imagine-se só como não será em tempos de apertos e de "vacas escanzeladas".
Então as coisas agravam-se, e qualquer "prato de lentilhas" é razão para uma inveja retorcida e verde, para a qual todas as manobras são legítimas para fazer com que o prato e as lentilhas do vizinho caiam ao chão (novamente à luz do muito nacional e benemérito princípio de que "se não é para mim, também não há-de ser para mais ninguém").
Vem isto a propósito do facto de neste fim de semana, alguns jornais (ou seja, jornalistas), falhos de tema, terem resolvido investir contra os subsídios de residência de que podem auferir os membros do governo que tenham a sua residência longe de Lisboa.
Desde 1980 (Decreto Lei nº 72/80, de 15 de Abril) que é concedido aos membros do governo que não têm a sua residência permanente em Lisboa, um subsídio de residência por terem que permanecer permanentemente em Lisboa, por via das exigências do exercício dessas funções. Destina-se, pois, esse subsídio a compensar o facto de, não residindo habitualmente em Lisboa, o membro do governo ver-se na necessidade de aí ter que arranjar alojamento enquanto desempenha um cargo governamental. E esse alojamento pode ser uma casa, que ele, naturalmente manterá enquanto não regressar "à sua base".
Dar-lhe um subsídio nestas circunstâncias, será desproporcionado? Pelos visto, para alguns é.
Para eles o governante deveria ou rejeitar o lugar ou viver "debaixo de uma ponte". Ou então, muito simplesmente, só podem ser governantes os que já morem em Lisboa. Os outros, os que vêm da "parvónia", que aguentem com os custos da sua nova instalação - que ninguém os manda ser suficientemente parôlos para "meterem o bedelho" onde já há tanta gente com uma imensa vontade de meter.
Enfim, as pindurezas do costume: somos extremamente moralistas e poupados com o farelo, mas "esturraçamos" a farinha...
Miguel Macedo não esteve para aturar esta "tinha" nacional. Fez bem.
Vai-lhe sair do bolso. Mas fez bem.
Há coisas que nenhum dinheiro paga - como não ter que aturar a inveja rasteira, disfarçada de moralismo, daquela pindureza nacional que a manjedoura farta sacia e cala mas que qualquer agrura revela no seu total esplendor...
Enfim, passam-se os séculos mas continua a "piolheira"...