A última moda...
A última moda, em matéria de cortes, é pretender justificar os cortes salariais (no caso o corte dos subsídios de férias e de Natal) aos funcionários públicos com o facto de eles não poderem ser despedidos.
O argumento parece óptimo. Contudo, prova demais. É que, como os funcionários públicos não podem ser despedidos, nada impedirá (nada impede) que o Estado corte todo o seu vencimento, deixando simplesmente de lhes pagar o salário pelo seu trabalho. Porque não podem ser despedidos...
Também se diz que se um trabalhador do sector privado ganhar menos, paga menos impostos pelo que o défice aumenta; se um trabalhador público ganhar menos, o Estado gasta menos, o défice diminui.
Novamente aqui se está perante uma falácia. É que se o trabalhador privado paga impostos o trabalhador público paga exactamente os mesmos impostos (longe vai o tempo em que os funcionários públicos estavam isentos de Imposto Complementar). E se um funcionário público ganhar mais, paga mais impostos. Desde logo paga mais em impostos directos - IRS; e porque ganha mais, gasta mais, pagando assim mais impostos indirectos - IVA.
Portanto ao cortar nos salários dos trabalhadores públicos o Estado gera dois efeitos: diminui a sua despesa, é certo, mas diminui também a receita fiscal.
Argumenta-se ainda que se o privado ganhar mais, os trabalhadores públicos passam para o privado e aumenta-se a competitividade da economia.
O argumento parece bonito, mas tem um efeito perverso para o tão querido "estado social". Para que o "estado social" preste o melhor serviço possível e funcione de forma eficaz, exige-se que os seus funcionários sejam os melhores e os mais aptos.
Mas se o privado pagar melhor os mais trabalhadores e aptos dos funcionários públicos passam para o privado e o "estado social" tem que se bastar com os menos trabalhadores e eficientes, tornando-se assim, ele mesmo, ineficiente. Ao tornar-se ineficiente, porque a procura se mantém, sempre "exigente", o "estado social" carece de mais trabalhadores para executar as suas actividades, sendo que os que demonstrarem ser eficientes rapidamente passarão para o privado onde ganham mais.
Portanto, o Estado, para assegurar o mesmo nível prestacional do "estado social", terá que ter cada vez mais trabalhadores, mas sempre os menos aptos ou eficientes (pois os outros vão para a actividade privada). O que é que o Estado ganha com isto?
E, a concluir, será de relembrar que se um trabalhador do privado pode já ter visto o seu salário reduzido, os funcionários públicos também.
Desde, há muitos anos (pelo menos de há dez anos a esta parte). Desde logo por causa dos cortes que já tiveram lugar esta ano, que serão agravados com os cortes anunciados para os anos que hão vir. Portanto um trabalhador do sector público que ganhava 1000 euros em 2007 ou 2008, hoje já não ganha isso e amanhã ganhará muito menos.
Cabe por isso perguntar: no sector privado, como é que vamos de cortes salariais?
O argumento parece óptimo. Contudo, prova demais. É que, como os funcionários públicos não podem ser despedidos, nada impedirá (nada impede) que o Estado corte todo o seu vencimento, deixando simplesmente de lhes pagar o salário pelo seu trabalho. Porque não podem ser despedidos...
Também se diz que se um trabalhador do sector privado ganhar menos, paga menos impostos pelo que o défice aumenta; se um trabalhador público ganhar menos, o Estado gasta menos, o défice diminui.
Novamente aqui se está perante uma falácia. É que se o trabalhador privado paga impostos o trabalhador público paga exactamente os mesmos impostos (longe vai o tempo em que os funcionários públicos estavam isentos de Imposto Complementar). E se um funcionário público ganhar mais, paga mais impostos. Desde logo paga mais em impostos directos - IRS; e porque ganha mais, gasta mais, pagando assim mais impostos indirectos - IVA.
Portanto ao cortar nos salários dos trabalhadores públicos o Estado gera dois efeitos: diminui a sua despesa, é certo, mas diminui também a receita fiscal.
Argumenta-se ainda que se o privado ganhar mais, os trabalhadores públicos passam para o privado e aumenta-se a competitividade da economia.
O argumento parece bonito, mas tem um efeito perverso para o tão querido "estado social". Para que o "estado social" preste o melhor serviço possível e funcione de forma eficaz, exige-se que os seus funcionários sejam os melhores e os mais aptos.
Mas se o privado pagar melhor os mais trabalhadores e aptos dos funcionários públicos passam para o privado e o "estado social" tem que se bastar com os menos trabalhadores e eficientes, tornando-se assim, ele mesmo, ineficiente. Ao tornar-se ineficiente, porque a procura se mantém, sempre "exigente", o "estado social" carece de mais trabalhadores para executar as suas actividades, sendo que os que demonstrarem ser eficientes rapidamente passarão para o privado onde ganham mais.
Portanto, o Estado, para assegurar o mesmo nível prestacional do "estado social", terá que ter cada vez mais trabalhadores, mas sempre os menos aptos ou eficientes (pois os outros vão para a actividade privada). O que é que o Estado ganha com isto?
E, a concluir, será de relembrar que se um trabalhador do privado pode já ter visto o seu salário reduzido, os funcionários públicos também.
Desde, há muitos anos (pelo menos de há dez anos a esta parte). Desde logo por causa dos cortes que já tiveram lugar esta ano, que serão agravados com os cortes anunciados para os anos que hão vir. Portanto um trabalhador do sector público que ganhava 1000 euros em 2007 ou 2008, hoje já não ganha isso e amanhã ganhará muito menos.
Cabe por isso perguntar: no sector privado, como é que vamos de cortes salariais?