O "relevante interesse público"
Para o governo a suspensão do despacho que determinou o reinício do processo de co-incineração na cimenteira de Souselas sem a realização de um novo Estudo de Impacto Ambiental, "mais do que inconveniente, é gravemente lesiva para os interesses públicos subjacentes à sua emissão (...), os quais contribuem para a concretização de uma política global de gestão de resíduos perigosos"
A obstinação do governo leva-o e extremos de obstinação e cegueira, e a afirmar perfeitas enormidades como a que resulta da declaração do dito interesse público suportado pela justificação que apresentou. É que a ser como o governo diz, os valores da vida, da saúde, do bem-estar, do ambiente, das populações da região circundante de Souselas que serão inexoravelmente atingidas pelos efeitos (de que o governo desconhece a exacta dimensão) da co-incineração, não são motivo para preocupação pois o “interesse público”, – que deveria ser ou pelo menos assentar também no interesse dessas mesmas populações – é unicamente eliminar resíduos industriais perigosos, para grande parte dos quais há já outras alternativas de tratamento aprovadas – os CIRVER, mas que o governo tente suster a todo o transe.
Por este andar ainda estamos para ver o “interesse público” a transformar-se na “razão de Estado” unicamente interpretada e fixada pelo governo.
Já houve na história alguns exemplos destas "interpretações" que deram uns péssimos resultados ...