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Pharmácia de Serviço

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Uma total falta de jeito

É hoje noticia em toda a imprensa que os magistrados judiciais – ou mais vulgarmente, juízes – estão numa espécie de “greve de zelo”, (designação negada pela sua “associação sindical”) não realizando julgamentos muito para além as 17 horas
Daí que já estejam a marcá-los para 2007 e 2008.

Os magistrados pela voz da sua “associação sindical” vêm dizer que se trata de uma "nova cultura" dos magistrados, uma "atitude de revolta" contra o Governo por lhes ter "imputado a responsabilidade pela morosidade da justiça", ao alterar o seu regime de férias.
"Sentimo-nos injustiçados e indignados e, por isso, os juízes, que sempre trabalharam pela noite dentro, estão a marcar os julgamentos de acordo com a disponibilidade da sua agenda e da sala de audiências".
Os juízes não estão vinculados a um horário, mas fazem agora questão de se reger pelo dos tribunais.

Perante isto o governo, “moita carrasco”: “assobia para o lado” e o Ministério da Justiça manda dizer que «não tem comentários a fazer, uma vez que os juízes dependem do Conselho Superior da Magistratura». Em resumo: o governo já se desquitou desta confusão atirando-a exclusivamente para as costas dos juízes. Não há-de tardar, “lamuriar-se-á” (demagogicamente): “o governo bem quer resolver os problemas da justiça, mas os juízes “estão-se nas tintas” e só querem manter os privilégios”.

Eis mais um caso em que a razão (ao menos, alguma fundada razão) vai acabar por ser atropelada pela ignara demagogia e afrontamento governamental.
E no final de tudo isto, os juízes arriscam-se a ficar numa posição ainda mais frágil e desacreditada.

Perante a inamovibilidade do governo nesta questão (governo que apregoa ter por seu lado “a razão”, uma “razão” que nem ele, nem ninguém, sabe em que consiste) vai-lhe ser fácil sustentar perante os cidadãos “esclarecidos” que os juízes são uma “cambada de malandros” que para além de auferirem salários dos mais altos praticados no Estado ainda se dão ao luxo de reagir corporativamente (ou seja, “sindicalmente”), fazendo uma “greve de zelo” por o governo “só” querer resolver o problema da morosidade da justiça e, para isso, lhes ter tirado um “privilégio” de dois meses de férias.

Ou seja, aquilo que relativamente a qualquer actividade laboral seria tido como uma posição legítima e um reivindicação pertinente é, aqui, tido como um excesso intolerável e despropositado e uma vontade de manter “privilégios”, que só causa prejuízo à comunidade.

E perante isto, os juízes tudo têm feito para se meter na “boca do lobo”.

Ao invés de dispensarem os “porta vozes” e as “posições” “sindicais” da dita “associação sindical” (só o nome assusta) e cada um por si, “silenciosamente”, fazer aquilo que a situação (e o governo) merece, não resistem a dar uma imagem corporativa, ou melhor “sindicalista”, com tudo o que (de mau) isso acarreta (como seja a incompreensão generalizada para ao facto dos juízes, órgão de soberania, terem o seu “sindicato”).

A posição dos juízes só poderá ser compreendida e aceite pela comunidade quando forem capazes de transmitir, clara e serenamente, as suas razões – ou seja quando a comunidade as perceber, e, por isso, perceber que tem mais a ganhar se se puser ao lado dos juízes do que do governo.
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