Des-integração e violência
O paroxismo de violência ocorrido nos arrabaldes e dentro de Paris podem adquirir uma explicação à luz da realidade francesa. Porém não se pode dizer que a sua razão ou etologia seja exclusivamente francesa.
A Europa de há uns anos a esta parte tem andado a brincar com o fogo. E mais tarde ou mais cedo, quem brinca com o fogo queima-se.
Na verdade, os países europeus receberam, durante o último quartel do século passado, sucessivas vagas de emigrantes, muitos dos quais provenientes das suas possessões ultramarinas, tornadas independentes.
Fiados num pacifismo de uma sociedade multicultural ou numa aculturação desses emigrantes em vinte ou trinta anos e esperando que a economia, por si só, os integrasse sem sobressaltos na sociedade de bem-estar, os países de acolhimento “esqueceram-se” deles.
Porém, nada disto funcionou como esperado. Nem a sociedade multicultural é potencialmente pacífica, nem as aculturações se fazem em pouco tempo, nem a sociedade de bem-estar foi capaz de os integrar e proporcionar-lhos os seus benefícios. A primeira vaga calou e suportou o infortúnio.
Quando os seus filhos – os emigrantes de “segunda geração” – despertaram para a realidade, começaram os conflitos.
Desde logo é curiosa a designação: “emigrantes de segunda geração”. Ou seja: uma geração passada os filhos continuam tão emigrantes como os seus pais. Verdadeiramente, mais “apátridas” que “emigrantes”. Desenraizados, sem qualquer outro arrimo ou referência que não seja o conflito entre os valores das suas culturas de origem e os valores da sociedade onde se encontram inseridos.
Porém os seus pais, acalentados pelo sonho de melhores condições de vida, suportaram mais ou menos pacificamente as desventuras. Já os seus filhos, conhecedores da realidade, e despidos de qualquer esperança, optaram pela “sua cultura” (uma amálgama das suas origens e de cultura europeia) e rejeitam multiculturalismos e aculturações. E face à incapacidade de acederem ao que se acham com direito, revoltam-se e amotinam-se.
O que aconteceu porém é que o estado – os Estados – não tinham possibilidades de lhes proporcionar imediatamente aquilo a que eles ambicionavam: uma melhor condição de vida, designadamente em termos económicos. Aliás, na maioria dos casos, nem sequer foram capazes de lhes proporcionar o mínimo de condições de vida e de subsistência.
E perante a sua incapacidade, o estado utilizou a política do avestruz: enterrou a cabeça na areia para se esquecer deles, permitindo-lhes ou não lhes dando outra alternativa senão auto-agruparem-se e auto-regularem-se, desde que não dessem problemas. Daí aos “guetos” não foi mais que um passo.
O que acontece porém é que os países europeus, por vida da União Europeia e de Schengen continuam a deitar lenha para a fogueira, ao permitir a entrada de vagas e vagas de emigrantes de países pobres que, à procura de um “el dourado”, encontram apenas o inferno. E se o encontrarem vão também querer partilhá-lo com quem os acolhe.
A entrada mais ou menos indiscriminada de emigrantes das mais variadas proveniências que persistentemente se verifica neste espaço europeu unificado, feita á luz de teorias que a prática nega mas que os políticos continuam teimosamente a sustentar (como aquela de admitir emigrantes para suster o declínio demográfico, defendida cá na nossa terra), há-de conduzir, necessariamente, ao cataclismo social.
A Europa – ou seja, os países europeus – está visto, já não é, neste momento, capaz de proporcionar aos actuais emigrantes as mínimas condições de vida, não só económicas como sociais, culturais, educacionais, e porque não, de segurança.
Então não será mais razoável controlar de forma drástica a entrada de mais emigrantes na Europa, até que esta proporcione uma integração suficiente aos que já cá estão, de modo a que os conflitos de Paris não possam ter qualquer razão para se darem?
Ou será preferível, à luz não se sabe bem de quê, continuar a admitir enganadoramente emigrantes, de Africa, da Ásia, dos países de leste, engrossando as legiões de excluídos e permitindo a sua exploração da forma mais desumana?
Porque razão não restringir drasticamente ou impedir, se for o caso, a emigração, mas assegurar aos imigrantes condições de vida minimamente dignas e tratá-los de forma humana a que todo o indivíduo tem um absoluto direito, em vez de admitir acriteriosamente, mas de forma “politicamente correcta”, avalanches deles, e depois esperar que, tratados de forma infra-humana, se não revoltem?
Ou será que, para evitar desenganos, se deve colocar em todos os controlos de entrada no espaço Schengen, a legenda que estava sobre a Porta do Inferno de Dante: “vós que aqui entrais, abandonai toda a esperança”.
A Europa de há uns anos a esta parte tem andado a brincar com o fogo. E mais tarde ou mais cedo, quem brinca com o fogo queima-se.
Na verdade, os países europeus receberam, durante o último quartel do século passado, sucessivas vagas de emigrantes, muitos dos quais provenientes das suas possessões ultramarinas, tornadas independentes.
Fiados num pacifismo de uma sociedade multicultural ou numa aculturação desses emigrantes em vinte ou trinta anos e esperando que a economia, por si só, os integrasse sem sobressaltos na sociedade de bem-estar, os países de acolhimento “esqueceram-se” deles.
Porém, nada disto funcionou como esperado. Nem a sociedade multicultural é potencialmente pacífica, nem as aculturações se fazem em pouco tempo, nem a sociedade de bem-estar foi capaz de os integrar e proporcionar-lhos os seus benefícios. A primeira vaga calou e suportou o infortúnio.
Quando os seus filhos – os emigrantes de “segunda geração” – despertaram para a realidade, começaram os conflitos.
Desde logo é curiosa a designação: “emigrantes de segunda geração”. Ou seja: uma geração passada os filhos continuam tão emigrantes como os seus pais. Verdadeiramente, mais “apátridas” que “emigrantes”. Desenraizados, sem qualquer outro arrimo ou referência que não seja o conflito entre os valores das suas culturas de origem e os valores da sociedade onde se encontram inseridos.
Porém os seus pais, acalentados pelo sonho de melhores condições de vida, suportaram mais ou menos pacificamente as desventuras. Já os seus filhos, conhecedores da realidade, e despidos de qualquer esperança, optaram pela “sua cultura” (uma amálgama das suas origens e de cultura europeia) e rejeitam multiculturalismos e aculturações. E face à incapacidade de acederem ao que se acham com direito, revoltam-se e amotinam-se.
O que aconteceu porém é que o estado – os Estados – não tinham possibilidades de lhes proporcionar imediatamente aquilo a que eles ambicionavam: uma melhor condição de vida, designadamente em termos económicos. Aliás, na maioria dos casos, nem sequer foram capazes de lhes proporcionar o mínimo de condições de vida e de subsistência.
E perante a sua incapacidade, o estado utilizou a política do avestruz: enterrou a cabeça na areia para se esquecer deles, permitindo-lhes ou não lhes dando outra alternativa senão auto-agruparem-se e auto-regularem-se, desde que não dessem problemas. Daí aos “guetos” não foi mais que um passo.
O que acontece porém é que os países europeus, por vida da União Europeia e de Schengen continuam a deitar lenha para a fogueira, ao permitir a entrada de vagas e vagas de emigrantes de países pobres que, à procura de um “el dourado”, encontram apenas o inferno. E se o encontrarem vão também querer partilhá-lo com quem os acolhe.
A entrada mais ou menos indiscriminada de emigrantes das mais variadas proveniências que persistentemente se verifica neste espaço europeu unificado, feita á luz de teorias que a prática nega mas que os políticos continuam teimosamente a sustentar (como aquela de admitir emigrantes para suster o declínio demográfico, defendida cá na nossa terra), há-de conduzir, necessariamente, ao cataclismo social.
A Europa – ou seja, os países europeus – está visto, já não é, neste momento, capaz de proporcionar aos actuais emigrantes as mínimas condições de vida, não só económicas como sociais, culturais, educacionais, e porque não, de segurança.
Então não será mais razoável controlar de forma drástica a entrada de mais emigrantes na Europa, até que esta proporcione uma integração suficiente aos que já cá estão, de modo a que os conflitos de Paris não possam ter qualquer razão para se darem?
Ou será preferível, à luz não se sabe bem de quê, continuar a admitir enganadoramente emigrantes, de Africa, da Ásia, dos países de leste, engrossando as legiões de excluídos e permitindo a sua exploração da forma mais desumana?
Porque razão não restringir drasticamente ou impedir, se for o caso, a emigração, mas assegurar aos imigrantes condições de vida minimamente dignas e tratá-los de forma humana a que todo o indivíduo tem um absoluto direito, em vez de admitir acriteriosamente, mas de forma “politicamente correcta”, avalanches deles, e depois esperar que, tratados de forma infra-humana, se não revoltem?
Ou será que, para evitar desenganos, se deve colocar em todos os controlos de entrada no espaço Schengen, a legenda que estava sobre a Porta do Inferno de Dante: “vós que aqui entrais, abandonai toda a esperança”.