É uma pena
Segunda a Câmara Municipal de Lisboa há, na cidade, 954 edifícios que se encontram em más condições de segurança ou de salubridade e cujos proprietários estão a ser intimados para proceder a obras coercivas.
É uma pena que algum do património edificado da capital chegue a este ponto de degradação.
É uma pena que as entidades administrativas se vejam na obrigação de compelir os proprietários desses imóveis a fazer obras de conservação ou a substituir-se a eles, no caso da sua não realização.
É uma pena que, eventualmente, alguns desses proprietários não façam obras, tentando assim compelir os seus arrendatários a abandonar a habitação, pela qual geralmente pagam uma renda mínima.
É uma pena que, eventualemente, alguns dos proprietários estejam à espera da ruína total do prédio com vista a um bom negócio imobiliário.
É uma pena que, eventualemente, alguns desses proprietários não tenham meios financeiros para poder fazer essas obras - pese embora serem designados de "proprietários", o que é, desde logo, imediatmente associado a "riqueza" e, portanto, a "capaciadade financeira" - muito por culpa do actual sistema de arrendamento urbano, que transformou os proprietários "senhorios" em verdadeiras IPSS (mas sem direito a qualquer ajuda estatal!), impondo-lhes garantir o "direito à habitação" (que devia ser assegurado pelo Estado) à custa do seu próprio património.
Continua a ser uma pena que o regime de arrendamento urbano não seja alterado, permitindo que muitos dos que dispõem de capaciade financeira paguem rendas "micrométricas", em edifícios cuja actual ou futura conservação vai exigir obras "macrométricas"!
É uma pena!