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A medida proposta pelo Ministro da Saúde de recrutar médicos estrangeiros é inteiramente de aplaudir.
Em primeiro lugar porque o recrutamento desses médicos será feito através de anúncio e decerto também, por concurso público, o que torna tudo mais transparente!
Depois, porque não se compreende a razão pela qual, com tanta falta de médicos, os estudantes portugueses insistem em não se inscrever nos múltiplos cursos de medicina, públicos e privados, existentes no nosso país, não obstante os vários incentivos criados para "estimular a procura", como sejam fixação de "numerus clausus" apertadíssimos, médias de ingresso superiores a 20 valores e distribuição a cada potencial candidato de um apelativo estojo médico composto por uma caneta, um bloco de receitas, um estetoscópio, um esfigmomanómetro aneróide, dois espéculos, um martelo de reflexos, uma marquesa de observação e dois termómetros.
Persistindo neste alheamento perante a necessidade de médicos, os jovens estudantes portugueses devem ser fortemente penalizados, permitindo que mais médicos estrangeiros exerçam a medicina em Portugal, acrescendo aos 3.150 que já cá trabalham, de modo a arredar definitivamente da cabeça de qualquer liceal a ideia maluca de poder vir a ser um "joão semana".
Além do mais, porque um médico leva dez anos a formar e a necessidade de médicos é "para hoje", a criação de mais escolas médicas de qualiade é uma medida que pode continuar a esperar. Crê-se, porém, que no dealbar do novo século, seja possível atingir, em Portugal, um rácio de 0,0037 médico portugês por cada médico estrangeiro.