A Academia, que nas chamadas Ciências Sociais está quase monopolizada
pelos que ali exercem uma estratégia de hegemonia ideológica e um
verdadeiro autoritarismo iliberal – que policia a linguagem e as ideias,
que higieniza a História, que seca o pensamento crítico, e, logo, todo o
pensamento –, não constitui qualquer perigo. O controlo e a manipulação
da classe jornalística, com o silenciamento e ocultação de alguns
assuntos e o realce calculado de outros, a adjectivação sectária, o
partidarismo misturado de ignorância, são também inofensivos. Como
inofensivas e isentas de perigos são as leis fracturantes discretamente
negociadas e passadas como moeda de troca por quem liberalmente nos
governa.
Nada disto é, aparentemente, perigoso nem preocupante: o
mal maior, o grande perigo para a Esquerda e para uma preocupada e
vigilante direita liberal vem de Trump, do Chega ou, agora, até do Dr.
Rui Rio. Rio, que até há pouco tempo, e para os mesmos direitistas
vigilantes e apreensivos, era demasiadamente tecnocrata, chegando mesmo a
exibir alguns tiques de esquerda, passou agora a ser um cruzamento de
Kerensky e Hindemburg, abrindo, via Açores, as portas da cidadela da
democracia aos ratos da peste do nazismo, do fascismo-salazarismo,
enfim, do iliberalismo.
A ver se os "líricos" deixam de dar tiros nos pés só porque são uns líricos...
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on sexta-feira, 13 de novembro de 2020 at 13.11.20.
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