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Pharmácia de Serviço

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Desde as brumas da memória ... muitos séculos de língua poruguesa


No mundo non me sei parelha,
mentre me for como me vai,
ca ja moiro por vós e ai!
mia senhor branca e vermelha,
queredes que vós retraia
quando vos eu vi en saia.
Mao día me levantei,
que vos entón non vi fea!

E, mia senhor, des aquelha
me foi a mí mui mal di'ai!,
E vós, filha de don Paai
Moniz, e ben vos semelha
d'haver eu por vós guarvaia,
pois eu, mia senhor, d'alfaia
nunca de vós houve nen hei
valía dũa correa.

Pai Soares de Taveirós, séc. XIII (circa 1200)

= // =

Entra Todo o Mundo, homem como rico mercador,e faz que anda buscando algũa cousa que se lhe perdeo: e logo apos elle hum homem, vestido como pobre, este se chama Ninguem, e diz.

NINGUÉM Que andas tu hi buscando?
TODO O MUNDO Mil cousas ando a buscar:
delas não posso achar,
porém ando perfiando,
por quão bom he perfiar.
NINGUÉM Como has nome, cavaleiro?
TODO O MUNDO Eu hei nome Todo o Mundo,
e meu tempo todo inteiro
sempre he buscar dinheiro,
e sempre nisto me fundo.
NINGUÉM Eu hei nome Ninguem,
e busco a consciencia.
BERZEBU Esta he boa experiencia:
Dinato, escreve isto bem.
DINATO Que escreverei, companheiro?
BERZEBU Que Ninguem busca consciencia,
e Todo o Mundo dinheiro.

NINGUÉM E agora que buscas lã?
TODO O MUNDO Busco honra muito grande.
NINGUÉM E eu virtude, que Deos mande
que tope co ella ja.
BERZEBU Outra adição nos acude:
Screve logo hi a fundo,
que busca honra Todo o Mundo, 
e Ninguem busca virtude.

NINGUÉM Buscas outro mor bem qu’esse?
TODO O MUNDO Busco mais quem me louvasse
tudo quanto eu fizesse.
NINGUÉM E eu quem me reprendesse
em cada cousa que errasse.
BERZEBU Escreve mais.
DINATO Que tens sabido?
BERZEBU Que quer em extremo grado
Todo o Mundo ser louvado
e Ninguem ser reprendido.

NINGUÉM Buscas mais, amigo meu?
TODO O MUNDO Busco a vida e quem ma dê.
NINGUÉM A vida não sei que he,
a morte conheço eu.
BERZEBU Escreve lá outra sorte.
DINATO Que sorte?
BERZEBU Muito garrida: Todo o Mundo busca a vida,
e Ninguem conhece a morte.

TODO O MUNDO E mais queria o paraizo,
sem mo ninguem estorvar.
NINGUÉM E eu ponho-me a pagar
quanto devo pera isso.
BERZEBU Escreve com muito aviso.
DINATO Que escreverei?
BERZEBU Escreve
Que Todo o Mundo quer paraizo, 
e Ninguem paga o que deve.

TODO O MUNDO Folgo muito d’enganar,
e mentir naceo comigo.
NINGUÉM Eu sempre verdade digo,
sem nunca me desviar.
BERZEBU Ora escreve lá, compadre,
não sejas tu preguiçoso.
DINATO Que?
BERZEBU Que Todo o Mundo he mentiroso,
e Ninguem fala verdade.

NINGUÉM Que mais buscar?
TODO O MUNDO Lisonjar.
NINGUÉM Eu som todo desengano.
BERZEBU  Escreve, ande la mano.
DINATO Que me mandas assentar?
BERZEBU Põe ahi mui declarado,
não te fique no tinteiro:
Todo o Mundo he lisonjeiro,
e Ninguem desenganado.

Gil Vicente, Auto da Lusitânia,1532

= // =

Descalça vai para a fonte
Lianor pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.

Leva na cabeça o pote,
o testo nas mãos de prata,
cinta de fina escarlata,
sainho de chamelote;
traz a vasquinha de cote,
mais branca que a neve pura;
vai fermosa e não segura.

Descobre a touca a garganta,
cabelos de ouro entrançado
fita de cor de encarnado,
tão linda que o mundo espanta;
chove nela graça tanta,
que dá graça à fermosura;
vai fermosa e não segura.

Luís de Camões, Rimas, séc. XVI

= // =

Pescador da barca bela,
Onde vais pescar com ela.
Que é tão bela,
Oh pescador?

Não vês que a última estrela
No céu nublado se vela?
Colhe a vela,
Oh pescador!

Deita o lanço com cautela,
Que a sereia canta bela...
Mas cautela,
Oh pescador!

Não se enrede a rede nela,
Que perdido é remo e vela,
Só de vê-la,
Oh pescador.

Pescador da barca bela,
Inda é tempo, foge dela
Foge dela
Oh pescador!

Almeida Garret, Folhas Caídas, 1853

= // =

Eu comi uma inglesa.
Foi em Sintra. Era feriado.
Com esparregado e essa tinta
mint-sauce. Em português,
molho de hortelã-pimenta
com vinagre. Uma beleza!
Alguma batata frita.
Mas eu quis fetos arbóreos,
musgo das fontes, avenca
e pétalas de camélia,
branca-rósea,
para enfeitar a travessa
e trincar, de quando em quando,
uma pétala na fímbria
das orelhas da inglesa,
dizendo: «O tempo está
tão lindo! Não achas, Daisy?»

Ruy Cinatti, Memória Descritiva, 1971
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