A ler...
Ao contrário dos portugueses, as elites não existem. Os Costas, os Centenos, os Marcelos, as Catarinas, os Rios e os Ferros que rebolam por aí, anafados e boçais, não seriam elitistas nem sequer no pátio de Alcatraz. São habilidosos com pouca habilidade e nenhuma virtude. ....São, e eis a desgraça, iguaizinhos à maioria dos portugueses, dos quais se distinguem apenas pelos privilégios. E a maioria não lamenta os privilégios: inveja-os. O português médio não sente vergonha dos Costas, dos Centenos, dos Marcelos e tal. O português médio gostaria de ocupar o lugar deles. O português médio sonha “subir” até ao ponto em que pudesse viver despreocupadamente a explorar, a humilhar e a gozar os portugueses que ficariam para trás. ... O português médio não se recomenda, donde os portugueses que nele mandam serem tão pouco recomendáveis.
... O que temos aqui não é uma sociedade, mas uma rede de trapaças de que alguns beneficiam e a que quase todos querem pertencer. Uma multidão de zelotas em obediência cega a bandos de trapaceiros é uma farsa, não uma sociedade.