A ler. Indispensavelmente.
A partir do fracasso da República dos Democráticos, da reacção militar do 28 de Maio e do Estado Novo, a direita governou autoritariamente Portugal por quase meio século. Quando a esquerda chegou ao poder, pelo golpe militar do 25 de Abril, a esquerda mais radical – poderosa em termos de activismo de rua e de influência no MFA – tratou de neutralizar e eliminar a direita que existia.
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A sua neutralização fez-se manipulando e aproveitando os golpes de 28 de Setembro de 1974 e de 11 de Março de 1975 e com o silêncio de Pilatos do PPD-PSD e do CDS, que depois aceitaram o Pacto MFA-Partidos para sobreviver. Eram uma direita conveniente à esquerda e, por isso, tolerada. Tinham um eleitorado de direita mas, ideologicamente, não tinham valores de direita, além do anti-comunismo e de uma vaga defesa da economia liberal.
O que é estranho é que, mais de 45 anos sobre o 25 de Abril e quase 44 anos sobre o 25 de Novembro, a direita partidária ainda esteja nesse registo assustadiço, preferindo ser ou dizer-se de centro, de centro-direita ou até de centro-esquerda.
Isto ainda é mais extraordinário num tempo em que a direita, nas suas várias formulações, cresce e se multiplica por toda a parte, por reacção ao domínio de um ultraliberalismo e de uma globalização sem limites, conscientemente servidos ou inconscientemente viabilizados pela ideologia da chamada “Nova Esquerda”.
Portugal deve ser hoje o país mais à esquerda da Europa Ocidental e o que tem mais representações parlamentares de extrema-esquerda: a comunista, a bloquista, e as do populismo radical – planetário, animalista, racial e sexual.
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É que a esquerda deixou de ser leninista para ser gramsciana: não trata já de um assalto final ao “Palácio de Inverno”, ao Estado, mas da conquista das mentalidades para dominar a sociedade, suplantando “corpos intermédios” entre o local e o global, como os Estados, através de uma desconstrução (e reconstrução) cultural e civilizacional. Assim, a esquerda internacional continua a ter um projecto de mudança da sociedade; só que não é, para já, um projecto de socialismo totalitário, instaurado por revoluções com sangue, partidos únicos, polícia política, confiscações, campos de concentração ou fuzilamentos, mas um projecto de mudança da própria natureza humana e da sociedade, uma mudança radical mas feita em suaves prestações e viabilizada por pequenas e médias decisões, aparentemente inócuas. O fim é a destruição dos chamados “valores tradicionais” e a sua substituição pelos valores de uma humanidade nova e de um novo ser humano (...)
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É hoje pelo domínio da escola, da Academia – sobretudo das Humanidades – e dos media que a esquerda passa o seu pensamento, “apartidário, não-ideológico e científico”, através de mensagens cada vez mais simplistas, como que isentas e factuais, dirigidas a destinatários (e a re-emissores) cada vez mais formatados e acríticos.
Curiosamente, é também hoje a esquerda, como detentora da nova verdade absoluta, quem proíbe pensamentos, palavras, actos e omissões; e é sobretudo ela quem hoje censura, julga e persegue. O newspeak, termo que George Orwell cunhou no 1984 e que definiu como “uma linguagem forjada para estreitar a amplitude do pensamento”, com “a eliminação ou substituição de certas palavras e a criação de palavras novas, para fins políticos”, acabou por ser a sua profecia mais certeira para o futuro que agora vivemos.
Diz o credo de isenção jornalística que todo o profissional bem pensante ao serviço da verdade absoluta tem de falar newspeak, temperando com um ou mais adjectivos torpes a ocasional referência a Marine Le Pen, Donald Trump, Jair Bolsonaro, Boris Johnson, Matteo Salvini, Santiago Abascal e criaturas afins – seres intrinsecamente perversos e diabólicos de que “ninguém gosta” (a não ser uns quantos eleitores). Do mesmo modo, onde quer que dois ou três generosos activistas se reúnam em nome da morte assistida, da vida interrompida, dos mil géneros e transgéneros, da guerra dos sexos, da luta das raças e da agonia do planeta, aí estará um profissional da informação; em contrapartida, os fiéis ou apóstolos de outras causas não-alinhadas que acaso se reúnam aos milhares num qualquer terreiro ou santuário terão de se contentar com a presença de Deus.
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Resistir a este projecto e encontrar-lhe uma alternativa deve ser, essencialmente, a missão das direitas ou do que quer que seja que valha a pena pensar e construir para parar o experimentalismo suicida e a regressão civilizacional sob a capa de progresso que ameaçam a Europa e as Américas.
Jaime Nogueira Pinto é, sem sombra de dúvida, o único pensador e ideólogo de direita, sem medo de o ser, e com conhecimento profundo das ideias políticas da direita - da verdadeira direita - e da esquerda...
Neste tempo de chacais faz falta uma voz de direita conhecedora e desassombrada, que a conduza.
Faz falta um Futuro Presente...