O passo seguinte seria concluir que só um projecto reformista, liderado pelo PSD e com o CDS, constituiria uma real alternativa ao actual bloco PS-BE-PCP. O problema é que Rui Rio parece estar do lado dos equivocados, ao terminar o raciocínio com a conclusão errada: ao acreditar que o PS, invadido de algum espírito patriótico, negociará reformas do Estado com o PSD e sacrificará a geringonça, Rui Rio está a criar uma armadilha a si mesmo. Não, o PS não quer reformar o Estado. Não, o PS não está desconfortável com o imobilismo reformista da actual solução governativa à esquerda – está orgulhosamente a alimentar as suas clientelas eleitorais. E não, o PS não se quer livrar de PCP e BE – muito pelo contrário, quer eternizar a sua ligação com PCP-BE, porque essa é a sua fórmula de poder perpétuo (só uma esquerda unida pode controlar o aparelho de Estado, dominar a máquina sindical e amordaçar a contestação social). Nem agora, nem no pós-2019 (que parece ser legitimamente uma preocupação de Rui Rio), o PS abdicará dos instrumentos de poder que o apoio da esquerda lhe garante.
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on segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018 at 19.2.18.
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