A fim de chegar onde pretende, e onde o seu turvo discernimento exige, o selvagem faz (com previsível brutalidade) o que é preciso e diz (com previsíveis calinadas) o que era escusado. Além de atropelar a língua, e justamente por causa disso, o selvagem atropela o que calha. O selvagem fica impecavelmente numa jaula. Às vezes, o azar coloca-o num trono. Numa ocasião ou noutra, nem países civilizados escapam a cair nas mãos de um puro, rematado e perfeito selvagem. No Portugal recente, cujo nível civilizacional está aberto a debate, essa negra hipótese era uma fatalidade adiada por milagre. É evidente que os milagres acabaram. Tamos desgraçados.
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on sábado, 20 de janeiro de 2018 at 20.1.18.
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