A ler (todo o artigo)…
E em boa parte é disso, da gestão das fugas de informação, que se trata nesta polémica: uma corporação habituada gerir a divulgação dos dados fiscais de alguns cidadãos ficou muito irritada porque percebeu que essa prática, que é também uma forma de poder, estava a findar e contra-atacou denunciando a existência de uma lista, logo denominada VIP, da qual constam pessoas cujos dados ficais serão objecto de maior protecção perante acessos indevidos. Como não podia deixar de ser a lista VIP tornou-se num problema político em boa parte por erro do Governo.
A forma desatinada (e, na minha opinião, desleal para com os funcionários da administração fiscal) como o Governo está a reagir a esta crise é bem sintomática do complexo de não ser de esquerda misturada com o frenesi deste ser ano de eleições que se apossou do executivo. E Executivo algum em Portugal está preparado para ser acusado do pecado capital da desigualdade. É dos livros: mal a palavrinha desigualdade aparece no meio daquilo que pode transformar-se numa polémica logo os acusados de desigualdade tratam de mostrar que são ainda mais igualitários que os outros e, nesses momentos, vale tudo. Até a apologia do igualitarismo.
o Estado não pode tratar de forma igual o que é diferente. Existe uma maior probabilidade de que alguém tente aceder aos dados fiscais de Cristiano Ronaldo do que aos de um jogador só conhecido no seu bairro. De igual modo um titular de um cargo político tem por isso mesmo poderes e obrigações diferentes dos demais cidadãos. Estes últimos, por exemplo, não depositam declarações de interesses no Tribunal Constitucional, onde aliás podem ser consultadas por qualquer cidadão. Ou, tendo nós constitucionalmente consagrado o direito à segurança, sabemos que existem cidadãos aos quais o Estado garante uma segurança diferenciada: alguns membros do governo em funções ou antigos presidentes da República têm polícia à porta. Claro que isso é uma desigualdade contudo não é por ser desigualdade que é condenável.
Porque é necessário uma verdadeira "fronda" contra a imbecilidade em que se resume o caso da "lista vip" e de quem a anda a "cavalgar" – sindicato dos "fiscais" e oposição, ps incluído…