Farmácias, saúde e estado social, tudo "à portuguesa"...
O Estado gasta mais do que pode. Gasta bem mais do que pode e do que devia, até porque não consegue controlar para onde vai o seu dinheiro e é certo que anda "meio mundo" a roubá-lo.
Para arranjar mais dinheiro – de que precisa como de "pão para a boca" – inventa "expedientes", artifícios, a ver se com eles consegue mais algumas "massas" que os impostos já não dão...
Uma dessas invenções do tempo do "inginheiro que foi a Paris tirar um curso de qualquer coisa" foram as farmácias hospitalares, instaladas dentro ou no perímetro dos hospitais, e que por isso se julgava que iriam ser uma verdadeira "árvore das patacas", quer para os concessionários quer para o Estado/hospital.
Vai daí, foi tudo "em grande": os montantes de rendas exigidos à partida pelo Estado, a "fuçanguice" dos concorrentes motivada pela ideia de que estariam prestes a agarrar a "galinha dos ovo de ouro", as rendas descomunais e irracionais que se propuseram pagar para arredar os concorrentes, as loucuras de renda que os adjudicatários ficaram obrigados a cumprir.
A partir daí, é a "sinfonia" do costume: rapidamente começam os atrasos no pagamento das rendas, depois passa-se à fase do não pagamento das rendas, concluindo-se este "andamento" com uma divida monstruosa ao Estado.
É o caso da farmácia do Hospital Santa Maria. A sua concessão tinha uma renda de 600 mil euros anuais a que acrtescia 22% da facturação. Uma loucura.
Por isso, neste momento tem uma dívida de mais de 7 milhões de euros.
Porém como se isso não bastasse, anda metida em fraudes ao Estado com medicamentos.
Vai daí, o diretor técnico da farmácia de venda ao público do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, um segundo farmacêutico, três médicos, um empresário e um delegado de informação médica foram detidos, ontem, pela Polícia Judiciária no processo "Prescrição de Risco". São suspeitos de burlarem o Estado com um esquema em que o Serviço Nacional de Saúde comparticipava medicamentos prescritos em nome de utentes que não os tomavam.
Em causa está um valor superior a 1 milhão de euros.
Das duas uma: ou está tudo doido e por isso já ninguém nota a loucura dos outros, ou então tranformámo-nos definitivamente num país de vigaristas e ladrões - mas tudo gente boa, honesta, esforçada, trabalhadora.
Roubar o Estado – ou seja, roubarmo-nos a nós próprios – passou a ser lícito, como se fôra um dever, quiçá mesmo, um verdadeiro imperativo moral...
O Estado, por seu lado, não se cansa de encontrar expedientes para exportular ao desgraçado do cidadão (efectivamente) contribuinte, mais uns "cobres" para os desvarios das suas despesas con tudo aquilo que tem que suportar (inclusive os roubos...), para os quais os impostos já não chegam e os empréstimos são cada vez mais caros e começam a rarear...
Se quisermos fazer uma resumo rápido de tudo isto, podemos dizer que isto é o estado social "à portuguesa"...