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Pharmácia de Serviço

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O país pindérico

Somos mesmo um triste país de uma triste gente.
Guiados por "correntes de opinião" que nos levam sabe-se lá para onde e até onde, embarcamos sem mais, naquilo que se grita na rua (ou na comunicação social, que nos tempos modernos, faz a vez de rua).

Em tempo de perseguições, adoramos perseguir, em tempo de elogios, adoramos louvaminhar, em tempo de críticas, adoramos destruir, em tempo de adoração, adoramos prostrar-nos, em tempo de vitórias, adoramos vangloriar-nos, em tempo de derrotas, adoramos fugir, em tempo de julgamentos, adoramos a praça pública ...

E todos estes estados de espírito são possíveis de um momento para o outro, imprevisivelmente, "do dia para a noite", num instante. Detestamos a serenidadade, repudiamos a prudência, ensurdecemos ao avisado conselho ...

Tão depressa elogiamos como depreciamos. Tão depressa defendemos como no momento seguinte, atacamos. Mudando de atitude, mas não mudando de razões. Há sempre um argumentário expedito, uma razão esperta, que tudo fundamenta: uma atitude e exctamente a atitude contrária.
Ou seja adoramos o chiqueiro e as confusões, mesmo que isso nos suje ou possa denegrir. E adoramos "tomar as dores" do outros, até nos sentirmos enganados. E então, quando disso damos conta, é a vingança desenfreda ...

No Algarve, durante meses, não resistimos a "tomar as dores" do casal de ingleses, a fazer figura de tolos atrás dos britânicos. Até que, de repente, tudo mudou e passou-se às vaias e assobios ... Sem mais ...

Com Scolari, já acontece o mesmo. Perdeu o jogo e ia dando (porque, tirando a intenção, não se consegue ver mais nada) um murro a um sérvio.
Logo começou o coro de linchamento: que enxovalhou o nome de Portugal de dos Portugueses (esses tipos conhecidos por serem sempre educados, bem comportados e cheios de fair play ...); que não tem competência para o cargo (salvo quando a equipe ganha os jogos ...); que é brasileiro (alías, o único estrangeiro em Portugal); que sabe-se lá que mais ...!!!

A televisão, essa, não se cansa de repetir as imagens, para que todos tenham a certeza que o "belzebú" quase ia derrubando um "anjinho celeste", mesmo à frente do nariz de uma multidão de "arcanjos" espectadores ou telespectadores ...

E hoje, tudo "malha na bigorna": jornais, comentadores, rádio, televisão, "opiniões" de circunstantes...
Adoramos expor-nos e expor aquilo que nos enxovalha, pensando assim que ficamos limpos ...

Depois da atitude infeliz de Scolari (mas, é bom lembrar, que um ditado português diz que "quem não se sente, não é filho de boa gente"), a comunicação social resolveu ampliá-la, repeti-la, difundi-la - não se sabendo se para incriminar mais Scolari se para limpar a honra dos Portugueses ...
E o caso não se fica por aqui. Como é (vagamente) "sujo", vamos ter notícias, comentários debates, discussões, opiniões de rua e reptições de imagens ad nauseam ...

Se Portugal tivesse ganho o jogo, como seria? Haveria atenuantes?

Se isto tivesse sucedido com um selecionador de outro qualquer país, aconteceria que, sem sonegar o que a relidade objectiva demosntra inequivocamante, tentar-se-ia preservar a frieza e objectividade, e subretudo, o nome desse país. Sem ocultações, mas também sem exovalhos publicitados gratuitamente ...

Fomos indecentemente prejudicados - perdão, "roubados" - pela arbitragem. O golo é uma fraude às regras do futebol. O jogo era tenso. O árbitro não deixou de ajudar, em muito, a essa tensão. A equipe também não jogou grande coisa, mas já fez jogos piores.
Porém o que parece que agora interessa não é, serena mas firmemente, defender a nossa posição e o apuramento para o Euro 2008 (designadamente denunciando as "arbitragens" que o teutónico faz dos jogos de Portugal em que intervém, e em especial, do jogo de ontem, pelos resultados e seus efeitos), mas sim cruxificar Scolari, de preferência na praça pública.
Mesmo que, depois, o sangue da cruz nos salpique a todos ...
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