A nossa selecção
O futebol tem destas coisas: é capaz de transformar, de um momento para o outro, a mais estimável das pessoas no energúmeno mais feroz, a mais clarividente no asno mais completo.
Lembro-me de um velho senhor, pessoa do mais fino trato, de uma gentileza a toda a prova (a quase toda ... como veremos) que durante os jogos de futebol se transformava no carroceiro mas temível. Ainda por cima antecipava os remates nas jogadas de ataque, dando incontrolados pontapés nas costas dos espectadores à sua frente, ao mesmo tempo que os seus braços, bem abertos, lhe davam o necessário equilibrio para o remate. Moral da história: à sua volta havia sempre uma clareira, o que permitia saber onde se encontrava a ver o jogo.
Vem tudo isto a propósito de Scolari e da selecção nacional.
Todos nós sabemos que o facto de sermos portugueses nos dá geneticamente, a ominisciência. Sabemos tudo de tudo. Mais: somos especialistas de tudo, em geral.
Ora, se em coisas mais complexas temos sempre um opinião bem firmada, construída à base do "achar" de cada um, mais umas pitadas de "parlapié" de esquina, em futebol nem se fala. Todos nós somos, no mínimo, treinadores encartados.
Vai daí, há que "arrazoar" a propósito de tudo: agora o que está a dar é a selecção, o selecionador e os jogadores do Porto que não foram convocados.
De tudo isto resulta que há quem se manifeste de forma mais ou menos soez, com abaixos assinados bloguisticos, para "correr" com Scolari, porque não convocou o Baía e o Quaresma.
E toda a gente dá "bitaites" com a mesma ligeireza mas com o profundo saber com que fala da energia nuclear, da crise do Irão, do ordenamento do território ou da vareta do óleo que se entortou.
Dizia-se, "na" "velha senhora", que o país "vivia" dos três FFF: fado, Fátima e futebol.
Hoje continuamos exctamente ... pior.
O fado vai indo, mas qualquer dia já não é fado; é uma "treta" qualquer.
Fátima está bem e recomenda-se não obstante os porfiados esforços das esquerdas e da malta do avental, e mau grado todas as regras sobre os representantes da Igreja Católica no "protocolo do Estado" inventado pelo PS.
O futebol, esse, está muito pior.
Não porque cada um ache que sabe mais que o selecionador nacional.
Mas porque toda a gente está absolutamente e intimamente convencida que se lá estivesse fazia melhor que Scolari.
E este é precisamente o perigo: neste país ninguém se enxerga! E por isso estamos como estamos.
No mais, o que importa agora é que a seleção tenha uma colecção de sucessos e que chegue o mais longe possível.
De preferência, que ganhe tudo! (Então aí, Scolari pasará rapidamente a heroi!)
Uma nota final.
O "arraial" que rodeia o futebol já é, por si só, do mais "bronco" e "pindérico" possível.
Seria bom que não piorassem as coisas com inicitivas "foleiras".
Para se ganhar, basta única e simplesmente, bom futebol.
Lembro-me de um velho senhor, pessoa do mais fino trato, de uma gentileza a toda a prova (a quase toda ... como veremos) que durante os jogos de futebol se transformava no carroceiro mas temível. Ainda por cima antecipava os remates nas jogadas de ataque, dando incontrolados pontapés nas costas dos espectadores à sua frente, ao mesmo tempo que os seus braços, bem abertos, lhe davam o necessário equilibrio para o remate. Moral da história: à sua volta havia sempre uma clareira, o que permitia saber onde se encontrava a ver o jogo.
Vem tudo isto a propósito de Scolari e da selecção nacional.
Todos nós sabemos que o facto de sermos portugueses nos dá geneticamente, a ominisciência. Sabemos tudo de tudo. Mais: somos especialistas de tudo, em geral.
Ora, se em coisas mais complexas temos sempre um opinião bem firmada, construída à base do "achar" de cada um, mais umas pitadas de "parlapié" de esquina, em futebol nem se fala. Todos nós somos, no mínimo, treinadores encartados.
Vai daí, há que "arrazoar" a propósito de tudo: agora o que está a dar é a selecção, o selecionador e os jogadores do Porto que não foram convocados.
De tudo isto resulta que há quem se manifeste de forma mais ou menos soez, com abaixos assinados bloguisticos, para "correr" com Scolari, porque não convocou o Baía e o Quaresma.
E toda a gente dá "bitaites" com a mesma ligeireza mas com o profundo saber com que fala da energia nuclear, da crise do Irão, do ordenamento do território ou da vareta do óleo que se entortou.
Dizia-se, "na" "velha senhora", que o país "vivia" dos três FFF: fado, Fátima e futebol.
Hoje continuamos exctamente ... pior.
O fado vai indo, mas qualquer dia já não é fado; é uma "treta" qualquer.
Fátima está bem e recomenda-se não obstante os porfiados esforços das esquerdas e da malta do avental, e mau grado todas as regras sobre os representantes da Igreja Católica no "protocolo do Estado" inventado pelo PS.
O futebol, esse, está muito pior.
Não porque cada um ache que sabe mais que o selecionador nacional.
Mas porque toda a gente está absolutamente e intimamente convencida que se lá estivesse fazia melhor que Scolari.
E este é precisamente o perigo: neste país ninguém se enxerga! E por isso estamos como estamos.
No mais, o que importa agora é que a seleção tenha uma colecção de sucessos e que chegue o mais longe possível.
De preferência, que ganhe tudo! (Então aí, Scolari pasará rapidamente a heroi!)
Uma nota final.
O "arraial" que rodeia o futebol já é, por si só, do mais "bronco" e "pindérico" possível.
Seria bom que não piorassem as coisas com inicitivas "foleiras".
Para se ganhar, basta única e simplesmente, bom futebol.