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Pharmácia de Serviço

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Mais um "golpe de estado" legislativo

Como já é sabido, a esquerda, toda ela, detesta ser contrariada, o quer lhe provoca indisfarçáveis manifestações de autoritarismo. Enquanto detém e controla o poder, diz-se muito democrática; quando já não consegue manter esse controlo, perde o verniz democrático e desata a impor, para o que se arrima a uma legitimidade que se existente na direita nunca é, para a esquerda, justificação bastante para qualquer actuação.
Prova disto é o caminho que está a seguir o designado “referendo do aborto”.

Toda a esquerda, PS incluído, tem cavalgado esta onda, numa ansiedade e insistência paroxísmicas, repetindo iniciativas de referendos, alterando á pressa os prazos na lei do referendo, como se tudo isso fosse a decisivo a última questão fundamental dos graves problemas do pais ou a “pedra filosofal” que permitisse a sua resolução.
É verdade que o PS tem usado a questão do referendo como manobra de diversão, visto que para ele e para o primeiro ministro, que é seu secretário geral, cumprir ou não cumprir promessas são expressões que se escrevem com as mesmas letras.

Porém, a esquerda esperançada na realização do referendo, na vitória no mesmo e na aprovação de nova lei do aborto, de preferência enquanto o Presidente de República que temos até Março a pudesse promulgar de olhos fechados, começa a recear pelo sucesso das suas esperanças por efeito da decisão do Tribunal Constitucional, anunciada jornalísticamente. E com isto perde também uma boa oportunidade de, nas presidenciais, poder utilizar o aborto como arma de arremesso dos seus candidatos.

Vai daí, que comece já a desenhar-se o seu autoritarismo. Perante o adiamento da possibilidade de realizar o referendo, o Presidente da República que temos até Março já anda a soprar, na Bélgica, em Antuérpia, que é exactamente o local mais próprio para tratar o assunto, o rastilho da aprovação de nova lei do aborto sem realização do referendo.

É evidente que a esquerda exerce o poder do Estado, de mais a mais quando é sustentado numa maioria absoluta, como se ele fosse “seu”, à guisa de “rei-sol”, sem curar que o Estado somos todos nós e que por direito constitucional, temos, todos nós (os “ignorantes” e os “sábios”) direito a pronunciarmo-nos sobre questões essenciais e basilares da sociedade portuguesa. Essa é a dimensão participativa no nosso estado de direito democrático, constitucionalmente consagrada.

Por contenção, a “canhota” ainda não disse “cobras e lagartos” do Tribunal Constitucional; mas lá chegará.
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