Habemus abortus
Já se esperava!
O PS apresta-se para criar um clima parlamentar e uma ambiência política que sirvam de justificação e lhe permita sustentar, sem grandes danos, as alterações à lei do aborto, sem prévia realização de qualquer referendo e apenas por iniciativa parlamentar.
A esquerda já lançou esta exigência, pelas vozes dos seus vários chefes-de-fila.
Ontem, o chefe do BE já inverteu os termos da questão: altera-se agora a lei e depois faz-se um referendo para, eventualmente, a revogar!
O PS, preocupado com o reflexo que esta questão possa ter nos resultados das eleições autáquicas, e depois nas presidenciais, anda a "engonhar" a questão no parlamento, por causa dos "sarnas" do BE e PCP, procurando nela envolver o PSD, ao mesmo tempo que ao país quer fazer passar uma imagem de consistência e hombridade, numa actuação que parece um tanto ou quanto errática, mas que não é senão a face vísível de intenções ocultas: alterar a lei por qualquer modo.
Esta ocasião pode também servir para uma reflecção sobre o exercício de poderes legislativos por maiorias absolutas no parlamento, órgão representativo da comunidade (de todos os cidadões portugueses), sobre matérias fracturantes da sociedade, em especial as que tenham a ver com os seus valores fundamentais, bem como a necessidade de um auscultação prévia à comunidade, já que continua a ser ela a detentora desse poder soberano, do qual não abdicou nem lhe foi retirado após o acto eleitora e duarnte os quatro anos seguintes.