Pro-memoriam gastronómico
(Foto: Jornal Alto Alentejo)
Há quinze dias, no final do ano passado, após uma vida de várias décadas de muito bons e leais serviços em prol da gastronomia do nordeste alentejano e, por via disso, da gastronomia nacional - e, juntando tudo, também em prol da amizade à volta de uma mesa apetecível - encerrou o Álvaro da Urra.
O Álvaro da Urra era um monumento da petisqueira e da gastronomia do Alentejo. Nunca teve uma estrela michelim. Não precisava. Quem lá cozinhava já tinha a estrelinha precisa para fazer autêntica cozinha, alimento do corpo e da alma.
Há coisas que deviam ser eternas. Designadamente para não serem esquecidos, no futuro insípido e sensaborão das modas alimentares malucas, sabores e olores irrepetíveis de pratos feitos com aquilo que a natureza, no seu ciclo infindo, nos vai dando para nos irmos perpetuando através da arte da sua transformação a que se chama cozinha. Da verdadeira, feita de saberes e sabores ancestrais.