Era para isto que serviam os governadores civis...
O grande fogo que assola há cinco dias o distrito de Coimbra deverá ter começado com o incêndio de um tractor, numa zona florestal do concelho de Vila Nova de Poiares, às 13h de sábado. Essa é pelo menos a convicção do comandante dos Sapadores de Coimbra, José Almeida. Ontem, numa conferência de imprensa convocada pela autarquia para fazer o balanço do incêndio no concelho, o comandante defendeu que "um trabalho mais continuado" dos meios aéreos, no domingo, teria evitado que o incêndio assumisse as proporções que veio a assumir.
Esta foi também a posição assumida pelo presidente da Câmara de Coimbra, Carlos Encarnação, logo na segunda-feira, uma opinião que o governador civil, Henrique Fernandes, classificou entretanto como "um disparate rotundo".
Isto foi em Agosto de 2005. Ia ardendo a cidade de Coimbra. Estava o ps no poder ... e ainda havia governador civil (mas pouco...)...
O vice-presidente da câmara de Coimbra, que substituiu Encarnação - ausente durante o fim-de-semana -, afirmou que, às 15h de domingo, surgiu apenas um avião em Ceira, o qual efectuou uma única descarga, que falhou o alvo, atingindo o presidente da junta e o responsável municipal da Protecção Civil, Carlos Gonçalves. Gonçalves também defendeu que uma intervenção mais aturada dos meios aéreos teria evitado "uma situação pior do que a da Pampilhosa [da Serra]", mas admitiu que o comando distrital estivesse, na altura, mais preocupado em extinguir definitivamente o incêndio deste último concelho. "Andava lá o primeiro-ministro"...