A ler...
Enquanto saía à rua a celebrar o abençoado governo que Deus (e o dr. Costa) nos deu, o pagamento antecipado de dois mil milhões ao FMI e um crescimento de 0,8%, o povo não reparou que o reembolso estipulado no início do ano era de quase sete mil milhões e que a vertiginosa subida do PIB, pouco inferior aos 2 e tal ou 3 e tal previstos pelo dr. Centeno, se deveu: a) ao turismo; b) à retoma de trabalhos na refinaria de Sines, parada no trimestre anterior; c) à venda de uns aviões F-16 à Roménia.
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O importante não é só manter o crescimento "em alta" (desculpem o jargão): é manter a ilusão de que assim o país é viável. É manter os avençados, perdão, os politólogos a decretar o sucesso da frente de esquerda. É manter os media entusiasmados com o tipo de "boas notícias" que serviam de paródia no tempo de Pedro Passos Coelho. É manter a convicção de que a "teimosia" de Pedro Passos Coelho é o único obstáculo a que o PSD adira à União Nacional dos Afectos. É manter a fezada de que a "Europa" durará sempre. É manter a ilusão de que sem esmolas alheias iremos a algum sítio que não o abismo. É manter o povo a cantar e a rir no caminho. É acreditar como nunca na fraude de sempre.