Pois ... está bem ... mas...
Depois da Festa do Avante!, uma sessão de campanha presidencial na Voz do Operário. A direita até nem se importaria muitos com a simbologia do lugares se não fosse o candidato Marcelo, num dos momentos mais bipolarizados da vida política portuguesa, recusar-se expressamente a dar a mão à sua família política. Nas hostes do PSD e do CDS já é visível um certo mal-estar.
Pois é. Até pode ser verdade. Mas acontecem várias coisas.
A primeira é que, infelizmente, a direita em Portugal é a coisinha mais volúvel que há - quase tanto como o alegado "putedo" da esquerda do camarada arnaldo de matos - e por isso nunca se sabe bem em quem vota. Basta ver as recentes eleições legislativas... Mas o que a direita nunca deixa de esperar é que, no fim, tratem bem dela (e que lhe resolvam os problemas) ainda que, geralmente, não faça grande coisa para ser ela a tratar de si a e a resolver os seus problemas pelas suas mãos...
Depois porque as (origens das) maiorias nas eleições presidenciais não são bem, bem, iguais às (das) maiorias nas legislativas.
Por fim, porque se houve presidente que andou com o ps "às costas" sem qualquer razão para isso, antes pelo contrário (vide a história dos Estatutos dos Açores protagonizada pelo safardana do césar) foi Cavaco - e não parece que a malta que dele tanto gostava se tenha queixado.
Foi Cavaco que, durante dois mandatos, andou sempre a apagiar o ps capitaneado por um tipo que agora anda a contas com a justiça, em vez de o ter "atirado borda fora" do poder, sem apelo nem agravo, tal como o seu antecessor fez ao governo de Santana e à maioria absoluta que o apoiava no parlamento; e que se não tivesse feito um discurso desabrido mas que não vai ter consequências (seria de homem, mas era exigir muito, nomear um governo de iniciativa presidencial à seguir à queda do governo da maioria, não indigitando costa por manifesta falta de carácter...), já hoje não se tinha que andar a aturar as loucuras e sacanices do costa nem ficar incomodado com a posição de Marcelo quanto aos seus tradicionais apoiantes - a ver se consegue alargar de modo suficiente a sua base de apoio para uma maioria à primeira volta.
Porque de outro modo à segunda volta o alegado "putedo" da esquerda do camarada arnaldo de matos junta-se todo e elege um presidente que seja seu serviçal e que continuará a cuidar, com todo o carinho, dos inconfessáveis interesses dessa malta - basta recordar o confronto entre soares e freitas nas presidenciais de 1986...