A ler…
Um país que perdeu referências morais tem as praxes que merece, de José Manuel Fernandes, no Público
Vivemos numa sociedade onde a boa educação é vista como uma coisa antiquada, onde a ideia de cavalheirismo é vilipendiada como sendo reaccionária, onde o insulto grotesco é mais depressa visto como um exercício de liberdade do que como um abuso, onde a exibição pública das misérias da natureza humana garante audiências no prime-time das televisões, onde se aceita essa estranha “normalidade” de as claques dos clubes só se deslocarem rodeadas por polícias, onde se perdeu a noção de que há uma diferença entre vícios e virtudes e reina um relativismo que faz com que tudo se torne equivalente.
O país que se indigna com o sadismo dos duxes veteranoruns é o mesmo país que fez de um romance de contornos sadomasoquistas (ao que me dizem, pois não o li nem tenciono lê-lo) o maior êxito de vendas dos últimos anos. O país político que se exalta a pedir castigo para os jovens universitários é o mesmo que deixou degradar a linguagem política para um nível em que o insulto se tornou corriqueiro e, às vezes, bem visto e aplaudido. O mesmo sucede no interior de muitas universidades, onde há quem não respeite o direito às opiniões diferentes e passe ao ataque pessoal com armas estilísticas que em nada se diferenciam do esterco utilizado nalgumas praxes
No final do artigo José Manuel Fernandes informa que vai deixar o Público. Em termos singelos, isso representa (mais) um degrau abaixo na qualidade do jornal… Fica-se agora à espera do novo projecto de JMF.