"Flat"…
Com esta monomania demencial de que as funções públicas mais qualificadas, na administração pública, por causa dos seus salários mais elevados, são a causa do défice, "atão" já que "semo todos iguais", porque é que não se fixa um salário único para toda a função pública que não esteja mais sujeito a cortes…???
Um salariozinho "flat", algo para aí de 600 Euritos… Era uma boa, não era…???
Até podia ser que todos os funcionários públicos que têm mais habilitações e são mais qualificados saissem de vez da administração pública – e então, oh maravilha das maravilhas, é que a administração e o Estado iriam funcionar bem, na mão do pessoal operário e auxiliar…
Talvez então, quando já não existisse justiça porque os tribunais fecharam; não existisse saúde porque os médicos e cirurgiões e enfermeiros se foram embora; não houvesse mais ensino e conhecimento porque os profesores desistiram de o ser; não se sentisse o mínimo de segurança e tranquilidade públicas porque os polícias foram à sua vida e se tivesse "evaporado" de vez toda a miríade de múltiplas prestações do Estado, talvez então os portugueses compreendessem finalmente como é bom ter uma função pública qualificada, reponsável, preparada e adequadamente remunerada, dentro de uma administração pública dimensionada à riqueza do paíz, para que lhe posssam ser exigidos altos padrões de qualidade nas suas prestações à comunidade…
Entretanto, em vez disso, para se manter intacto este "monstro" que devora o país e que já está a devorar os seus proprios servidores, não se toca na dimensão da administração pública, não se reforma uma administração local dos primórdios do século XIX, não se permitem mecanismos de adequação dos recursos humanos às necesidades e disponibilidades financeiras de cada momento, não se cria uma verdadeira diferenciação salarial entre os que têm habilitações, qualificação e capacidades e os que não as têm, não se estabelecem elevados e efectivos graus de exigência, responsabilidade, honorabilidade, ética, seriedade, com consequências absolutamente gravososas para os pervaricadores.
Em vez de tudo isso, nada como continuar tudo na mesma, como a lesma, e cortar nos salários mais elevados – até que, de corte em corte, se chegue, por fim, à dita "igualdade" salarial, à proletarização total, à destriução cataclísmica (que talvez até pudesse ser redentora) da nossa administração pública…