"Manholice"...
Só quem não conhece a "manholice" da generalidade dos serviços públicos (e, naturalmente, de certos dirigentes [veja-se só a reacção do reitor de Lisboa]) é que não compreende a imediata utilidade do despacho de Gaspar.
É que se não fosse ele, era bem possível acontecer que entre o anúncio (já seria suficiente o prenúncio) de que iram ser tomadas novas medidas de contenção da despesa, e a concreta aprovação dessas medidas na devida forma legal, os serviços gastassem (comprometessem) o seu orçamento e mais que fosse... E depois de gasto...
É aliás o que, dantes (quando havia dinheiro a rodos) acontecia perto do final do ano.
Havia sempre "um dia mais longo" – aquele em que se compravam centenas de borrachas, de rolos de papel higiénico, de resmas de papel, de lápis e esferográficas, de modo a gastar toda a dotação orçamental (as mais das vezes em absolutas inutilidades), antes que esse dinheiro acabasse por reverter para o Estado, o que se considerava "um desperdício"...