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Pharmácia de Serviço

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Posto de observação


Antigamente, invocava-se o “clericalismo”: era esse o inimigo a que, há cem anos, os governos de esquerda recorriam sempre que não podiam, de outro modo, alegrar o seu “povo” com mais conquistas democráticas. Os governos do Partido Republicano Português, entre 1910 e 1926, viveram durante anos à custa desse papão. O actual governo da “esquerda moderna” tem outro inimigo: já não é o padre ultramontano, mas o funcionário, sob as suas múltiplas formas, no cativo ou na reforma.

E devido ao Estado social que temos, demasiada gente fica sujeita, demasiadas vezes, aos funcionários. Qualquer ida a uma repartição ou a um centro de saúde aumenta, justa ou injustamente, o folclore nacional sobre a má-vontade, o mau humor e a incompetência do funcionalismo. O Governo sabe disso. Basta-lhe, de resto gerir a divulgação de estatísticas – como os maus resultados dos alunos em testes internacionais, e por aí fora – para dar uma base científica aos preconceitos e ao ressentimento contra o funcionalismo. É por isso que enquanto os funcionários ocupam as ruas, as sondagens prometem ao PS uma nova maioria absoluta. Se os funcionários não existissem, este governo teria que os inventar.

Rui Ramos, Historiador
hoje, no Público (sem link)
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