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Pharmácia de Serviço

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Posto de observação


Portugal deve ser o único país da Europa em que se trabalha onze meses e se recebe catorze meses de pagamento. O princípio, perfeitamente justo, das férias pagas deveria considerar-se satisfeito a partir do recebimento de doze meses de salário em contrapartida de onze meses de prestação do trabalho. Mas entre nós ocorre uma hipertrofia delirante que assegura catorze salários por ano!

Parece que já houve quem falasse no corte do 14.º mês aos pensionistas. Depois, deu-se a entender que isso era tão-só uma hipótese de raciocínio, ou até uma "maneira de dizer", num evidente emendar de mão motivado pela impopularidade da medida.

Simplesmente, no plano das "hipóteses de raciocínio" dessa natureza, haveria que considerar não só o 14.º mês, mas também o 13.º, e não só os pensionistas mas também os funcionários no activo. Isso permitiria poupar nada menos de um sétimo da massa salarial em questão.

E é evidente que, antes de tirar esse acréscimo de dois meses aos pensionistas (o que, apesar de tudo, se arrisca a ter de acontecer), mais valia começar por tirá-lo aos funcionários e agentes no activo da função pública, em contrapartida da garantia de emprego vitalício que o seu estatuto representa, numa situação que provavelmente levará a que acabe por não haver nada para ninguém se não forem tomadas medidas fortíssimas.

Vasco Graça Moura, Escritor
ontem, no Diário de Notícias
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