Elegia eleitoral
(à Vinicius de Morais)
Às 00 horas em ponto terminou a campanha.
Porque hoje é sábado!
Amanhã, é dia de votação,
Porque hoje é sábado!
Às 00 horas em ponto acabaram-se os jantares,
as buzinadelas, os carros de som,
os dedos em V, os punhos, os gestos, os manguitos,
as idas à janela, as esferográficas e os sacos de plásticos.
Porque hoje é sábado.
Terminaram os discursos repetidos e as promessas estafadas,
os balões e os porta-chaves,
os insultos e as insinuações, as fugas e os retornos,
os discursos de apoio e o apoio nos discursos,
o autarca do ano e o ano do autarca,
mai-la piscina e o “multiusos”
a falta de apoio e as visitas de apoio,
as arruadas e as “porradas”,
as bandeiras e as peixeiras e os recados para os pais.
Porque hoje é sábado.
Acabou-se o vai e vem de políticos,
as meninas luzidias, as palavras enviesadas
as caravanas e os cães que ladram,
a rotunda meritória, a obra de um mandato,
a esperança e a desilusão,
o salão de exposição (para mostrar nada, que já é muito)
os homens da campanha e o agitador profissional,
o debate na televisão,
o candidato ordinário (o outro nem tanto, mas é otário).
O caminho alargado, o prometido alcatrão,
os gritos e a confusão dos bombos e os Zés-pereiras
(que o rufar do tambor aguça a inteligência
e melhora a audiência)
- Meu Deus! Eu voto nele!
- E eu também
Qu’ele deu-me um boné!
Mais um beijo babado e um abraço apertado.
-Agora é que vais ser!
-Vão ver como é!
-O do Governo é meu amigo!
Vou ter tudo o que quiser!
-Passou bem? Vote em nós! Prometo se ganhar a eleição …
-Eu cá pr’a mim “num” quero saber!
Há q’anos que “boto” nele!
E amanhã vou “botar”!
Porque hoje é sábado
O panfleto que esvoaça,
o placard que mostra vida
ao fazer de um reles papel
o candidato de todos, salvo do colega do lado,
no placard ao lado,
que também é candidato.
A carta e o telefonema pessoal:
-Eu sou bom!
O mailing …
-Eu sou óptimo!!
-Eu sou melhor!!!
-Eu sou superlativo!!!!
-Eu sou O candidato!!!!!
Porque hoje é sábado!
Hoje, reflectimos!
O quê?!!
Sobre quê?
Porquê?
Porque hoje é sábado!
Amanhã,
Domingo votação,
sem contar a abstenção!
Domingo consagração!
-Foi desta! – para alguns.
Domingo desilusão!
-É da próxima! – para outros tantos.
E o hoje da esperança é o amanhã do engano.
-Se soubesse, não tinha votado nele!
Como se não soubesse já!
E é sempre o mesmo, vai ser sempre o mesmo,
Sempre, sempre o mesmo,
o mesmo do mesmo que é mesmo o mesmo!
Irremediável e inexoravelmente o mesmo,
para todos os eleitores
que, reflectindo hoje,
vão votar amanhã!
Porque hoje é sábado!
Às 00 horas em ponto terminou a campanha.
Porque hoje é sábado!
Amanhã, é dia de votação,
Porque hoje é sábado!
Às 00 horas em ponto acabaram-se os jantares,
as buzinadelas, os carros de som,
os dedos em V, os punhos, os gestos, os manguitos,
as idas à janela, as esferográficas e os sacos de plásticos.
Porque hoje é sábado.
Terminaram os discursos repetidos e as promessas estafadas,
os balões e os porta-chaves,
os insultos e as insinuações, as fugas e os retornos,
os discursos de apoio e o apoio nos discursos,
o autarca do ano e o ano do autarca,
mai-la piscina e o “multiusos”
a falta de apoio e as visitas de apoio,
as arruadas e as “porradas”,
as bandeiras e as peixeiras e os recados para os pais.
Porque hoje é sábado.
Acabou-se o vai e vem de políticos,
as meninas luzidias, as palavras enviesadas
as caravanas e os cães que ladram,
a rotunda meritória, a obra de um mandato,
a esperança e a desilusão,
o salão de exposição (para mostrar nada, que já é muito)
os homens da campanha e o agitador profissional,
o debate na televisão,
o candidato ordinário (o outro nem tanto, mas é otário).
O caminho alargado, o prometido alcatrão,
os gritos e a confusão dos bombos e os Zés-pereiras
(que o rufar do tambor aguça a inteligência
e melhora a audiência)
- Meu Deus! Eu voto nele!
- E eu também
Qu’ele deu-me um boné!
Mais um beijo babado e um abraço apertado.
-Agora é que vais ser!
-Vão ver como é!
-O do Governo é meu amigo!
Vou ter tudo o que quiser!
-Passou bem? Vote em nós! Prometo se ganhar a eleição …
-Eu cá pr’a mim “num” quero saber!
Há q’anos que “boto” nele!
E amanhã vou “botar”!
Porque hoje é sábado
O panfleto que esvoaça,
o placard que mostra vida
ao fazer de um reles papel
o candidato de todos, salvo do colega do lado,
no placard ao lado,
que também é candidato.
A carta e o telefonema pessoal:
-Eu sou bom!
O mailing …
-Eu sou óptimo!!
-Eu sou melhor!!!
-Eu sou superlativo!!!!
-Eu sou O candidato!!!!!
Porque hoje é sábado!
Hoje, reflectimos!
O quê?!!
Sobre quê?
Porquê?
Porque hoje é sábado!
Amanhã,
Domingo votação,
sem contar a abstenção!
Domingo consagração!
-Foi desta! – para alguns.
Domingo desilusão!
-É da próxima! – para outros tantos.
E o hoje da esperança é o amanhã do engano.
-Se soubesse, não tinha votado nele!
Como se não soubesse já!
E é sempre o mesmo, vai ser sempre o mesmo,
Sempre, sempre o mesmo,
o mesmo do mesmo que é mesmo o mesmo!
Irremediável e inexoravelmente o mesmo,
para todos os eleitores
que, reflectindo hoje,
vão votar amanhã!
Porque hoje é sábado!